sábado, 4 de outubro de 2014

AMANDO A DEUS E AO PRÓXIMO



Nas primeiras linhas do texto Alderi S. Matos busca atrair a atenção do leitor para a importância que existe em observar o diaconato como um ramo do estudo da teologia em que nos remonta a prática cristã, defendendo o ilustre autor, que o diaconato é inseparável da essência da igreja, devendo este fazer parte do modo de ser das igrejas cristãs, uma vez que o que deve ligar o diácono ao serviço da obra não deve ser a mera função de obreiro, mas sobre tudo  o compromisso em ajudar o próximo, servindo com fidelidade em seu ofício.
            Em seguida a proposta do estudo em tela é analisar a relação do diaconato com a ação social, citada por João Calvino, renovado teólogo que busca enfatizar a importância do serviço social no seio da igreja cristã primitiva. Alderi  S. Silva se  propõe neste ensaio fazer uma breve abordagem da vida de Calvino para melhor entender seu ponto de vista interpretativo, bem como, buscar a compressão de outras interpretações com base no pensamento calvinista, a cerca da dupla função do diaconato, Calvino iniciou seu ministério em Genebra, onde encontrou expressões que deram praticidade ao seu pensamento, buscando sempre aplica-lo, por entender e defender um grau elevado de importância que cerca o diaconato.
            No primeiro tópico do texto, a uma discrição a respeito de Calvino, teólogo que nasceu na cidade de Noyon a cerca de 100 km a noroeste de Paris, segundo alguns autores, alguns acontecimentos em torno da vivência de Calvino, corroboraram para que ele se tornasse uma pessoa mais ansiosa e inquieta, este, viveu durante alguns anos com uma aristocrática família de Montmor, no qual sempre se mostrou agradecido.
            Ainda muito jovem João Calvino por intermédio de seu pai, recebera um beneplácito do bispo de Noyon, onde existia como requisito para o ingresso, que Calvino pertencesse ao uma ordem menor, este benefício era uma espécie de bolsa de estudos. Iniciou seus estudos em Paris, por volta de 1528, onde de forma precoce se destacava na academia pelos seus pensamentos inovadores e humanistas, bem como pela sua antipatia com o método escolástico adotado pela teologia da época.
            Não obstante o fato de João Calvino ter estudado teologia em Paris, seu pai sob incisiva insistência convenceu Calvino a estudar direito em 1528 na cidade de Orléans, e em seguida deu continuidade aos seus estudos jurídicos em Bourges, onde estudou grego. Porém com o falecimento de seu pai, Calvino abandonou os estudos das ciências jurídicas pra se dedicar ao que de fato o fascinava que era a literatura clássica, voltando à Paris, no ano subsequente lançou seu primeiro livro intitulado de Sobre a Clemência.
João usufruiu do benefício durante treze anos, onde por ocasião de sua conversão que se deu em meio a lutas, inquietações e dúvidas, essa conversão se deu por volta de 1533- 1534, onde ele chamava de conversão repentina, aonde ele veio a renunciar o benefício.
            A primeira obra de Calvino já como protestante foi a intitulada de ‘’ A todos que amam a Jesus Cristo e seu evangelho’’ (1535). Doravante, Calvino e seu amigo Nicholas Cop reitor da universidade de Paris, tiveram que fugir para salvar suas vidas, pois estes foram acusados de professarem em um determinado discurso na Universidade de Paris, ideais protestantes e luteranos. Cop e Calvino refugiaram-se na casa de um amigo em Angoulême, onde deu inicio a obras que mais tarde foram chamadas de institutos da religião cristã.
            Um ano depois, Calvino e seu amigo Cop, foram à cidade de Basiléia, cidade natal de Cop, mas essa ida a cidade só foi possível quando as perseguições foram encerradas, em 1536 fora publicado o documento considerado o mais importante da literatura protestante, por conter elementos de cunho reformador à igreja no século dezesseis, outra situação que merece ser pontuada concernente ao documento intitulado de Institutas é que este, em um lapso de tempo curtíssimo, tornou- se um best-seller, este livro, continha na introdução um endereçamento ao rei Francisco I, o principal motivo do livro era buscar uma reforma cristã.
            Com o escopo de dar continuidade aos seus estudos, Calvino viajou para Estrasburgo com seu irmão e meio irmão. No entanto, por determinação do rei Francisco I e do Imperador Carlos V, algumas manobras militares estavam sendo feitas no caminho por onde Calvino iria passar situação esta, que o obrigou a tomar um caminho mais longo em direção ao seu destino pretendido, em Genebra, Calvino decidiu passar uma noite antes de dar continuidade a sua jornada.
            Guillaume Farel em Genebra tinha levado a cidade a abraçar a reforma protestante apenas dois meses antes de Calvino ter proposto a reforma em Basiléia, a obra da reforma estava intimamente ligada à emancipação de Genebra da casa de Savóia, que tinha convicções católicas, Farel quando tomou conhecimento de que João Calvino estava na cidade, logo foi ao seu encontro para tentar convence-lo a ficar na cidade, para que este o ajudasse a consolidar a reforma, não animado com a ideia, Calvino argumentou que poderia ajudar o protestantismo mais com seus inscritos que propriamente com este tipo de movimento, não satisfeito, Farel disse a Calvino que aira de Deus estaria sobre ele caso ele não o acompanhasse, e desde então Calvino resolveu ficar e apoiar a reforma protestante em Genebra, alguns estudiosos acreditam que o destino de Calvino ficou ligado ao de Genebra a partir desse momento.
            Alguns acontecimentos na vida de Calvino foram considerados pelos estudiosos da teologia como decisivos, como sua breve estadia em Genebra em menos de dois anos, por ter entrado em confronto ideológico com as autoridades civis, ousando discordar tanto das liturgias, adesão, confissão de fé, etc. Em 1538, Calvino e Farel foram expulsos de Genebra e foram pra Basiléia e com pouco tempo Calvino transferiu-se pra Estrasburgo, onde iniciou uma trajetória que deu ao seu ministério uma formação que ensejou decisões que fizeram dele uma das figuras mais importantes da reforma protestante e de todos os tempos.
            Após estes acontecimentos, Calvino deu início ao trabalho pastoral em uma pequena congregação de refugiados franceses, passou a ensinar na Escola João Sturm, que serviu de modelo pra sua futura academia em Genebra. Outra inovação foi um escrito de Calvino que fora bastante extensa da obra Institutas (que fora publicada no ano de 1539) dentre outros escritos, atuou ainda como diplomata eclesiástico, andando por muitas cidades realizando conferências e atuando como conselheiro em delegações protestantes, o objetivo era restaurar a unidade cristã entre protestantes e os católicos, e por fim, dentro do cenário de transformações e novidades ocorridas na vida de Calvino, este veio a casar com uma de suas paroquianas, que se chamava Idelete de Bure.
            Ficando sabido do sucesso que Calvino obtinha em Estrasburgo, os genebrinos suplicaram o retorno de Calvino que atendeu ao pedido e se tornou pastor da Catedral de San Pierre, sendo este, contemplado com diversas regalias, tais como, moradia, salário, alimentação dentre outras.
            Dentro de tudo ocorreu na vida de Calvino até agora, nada foi mais marcante na vida dele que os dois primeiros atos oficiais que ele empreendeu em seu retorno, onde ele apresentou ao conselho da cidade um plano detalhado de ordem e governo da igreja, nestas ordenanças havia quatro figuras que seriam os pastores, doutores, presbíteros e diáconos que corresponderiam a áreas distintas como educação, disciplina e ação social. No entanto, mesmo com a aprovação deste plano, Calvino nunca obteve êxito no que se refere à questão do cumprimento destes mandamentos, ficando apenas no plano da teoria.
            No segundo tópico do presente texto, é explanado o pensamento social de Calvino, em como ele vislumbrava a relação da sociedade com a igreja. Em linhas mestras cabe ressaltar que Calvino deixa bastante claro a preocupação com a ação social, seus ensinamentos, princípios, e inscritos deixaram esta preocupação de forma latente ganhar dimensões que até hoje se estudam na teologia, tal como a responsabilidade da igreja frente os problemas sociais, a exposição do pensamento dele com relação à riqueza e pobreza, o trabalho em busca do bem estar social, suas principais ações e pretensões podem ser encontradas em diversas fontes, sendo uma das principais a Institutas, que além de servir de parâmetro para nortear a relação igreja x sociedade, serve como uma bússola que guiaria o quádruplo ministério mencionado acima.
            Segundo W. Fred Graham, Calvino nunca viu pobreza e riqueza como benesse ou desfavor de Deus para com o ser humano, excluindo de seu pensamento a questão do mérito pessoal, e como sinal de que este estaria salvo. Para Calvino a riqueza e a pobreza era apenas uma forma de favor ou do julgamento de Deus sobre toda a comunidade, visando o bem comum de todos, questão bastante interessante é com relação à pergunta arguida por Calvino com relacão ao porque Deus permitiria a presença de pobreza na terra, se não porque ele desejaria nos dar ocasião para praticar o bem.
            Além deste pensamento, Calvino condenava o comportamento intolerante de muitos ricos, por se sua preocupação que a dádiva dada por Deus aos homens fosse usada para o bem comum, não para a concentração de riquezas e poder, tal como ocorreu em Genebra, ele reuniu força para conclamar o amor, argumentando que a riqueza vem de Deus e que deveria ser usada para auxiliar os irmãos. Ou seja, a solidariedade da comunidade humana, deveria ser tamanha que fosse inaceitável que alguns vivessem abundantemente, enquanto outros vivessem a margem da miséria, defende de forma acentuada essa questão das doações que deveriam existir de forma generosas da classe rica em detrimentos dos pobres.
            Dentro desse contexto, Calvino argumentava e tinha por referência bíblica o Capítulo 58.7 do livro de Isaias “... não te escondas de teu semelhante” ele chamava de semelhante, o pobre no caso, o reformador discursava ainda de forma incisiva a respeito de repartir com os pobres as riquezas, acreditando que com esse ato os homens ficariam em comunhão uns com os outros. Graham citando Calvino, diz que essa partilha não deve estar dentro de um legalismo e sim dentro de uma espontaneidade e liberdade, fala ainda o autor a respeito de Calvino, pontuando seu comportamento ético e dedicado aos trabalhos eclesiástico, sempre tendo em vista a solidariedade e o bem estar, Graham cita ainda, que tudo que venha a contribuir para o sofrimento humano é maléfico, Calvino defendia ainda que nenhum cidadão poderia ser privado de trabalhar para obter o seu sustento.
            O reformador ficava profundamente decepcionado com os que praticavam de forma exacerbada o monopólio e a especulação, se aproveitando da necessidade financeira dos outros, defendendo que o Governo deveria se impor a essa situação a fim de impedir que o bem comum fosse sacrificado.
            No terceiro tópico, consideramos ser um dos mais importantes do estudo hora comentados, uma vez que o instituto do diaconato como sendo uma contribuição teológica de Calvino no entendimento reformador, dado seu grau de importância dentro do protestantismo, ser diácono para Calvino, é estar investido de um ofício, é ter um múnus público em atender os pobres com base na fé e na palavra de conforto aos que dela necessitem, o diácono na Genebra de Calvino era perito no que hoje se denomina serviço social e assistência social.
             Existem como fontes principais para o entendimento de Calvino a cerca do diaconato pelo menos duas, primeiro as Institutas, em especial á partir da segunda edição, e as Ordenanças Eclesiásticas, que foi redigida para Genebra no ano 1541, que foi de fato sua primeira contribuição para a reforma da assistência social, sem deixar de citar claro, o Sermão de Calvino a cerca do livro de I Timóteo em 1561.
            As Institutas estão divididas em quatro livros, que segue a regra do credo dos apóstolos, sendo seu primeiro livro o que trata do conhecimento a respeito de Deus como criador em sentido amplo, o segundo livro trata do conhecimento de Deus como Redentor, o terceiro livro versa sobre como se alcança a graça de Cristo, e por fim, o quarto livro trata do dos meios externos pelo qual Deus convida pessoas para o trabalho de sua obra, e é justamente neste último livro que Calvino trata a respeito do diaconato, como sendo uma das funções primordiais no trabalho e no desenvolvimento da igreja.
            Segundo M. Kingdon, Calvino reagiu de forma a discordar dos ensinamentos da igreja católica romana tradicional, que pregava ser a função do diácono apenas a de se envolver nos assuntos administrativos, auxiliando nas liturgias, esperando a promoção do sacerdócio. Calvino dizia que, o ofício do diácono não se restringia a mera administração e auxilio da liturgia da igreja, mas também tinha como seu ofício a assistência social, assistindo aos pobres e acolhendo aos necessitados, sendo este não apenas seu ofício, mas parte do conceito de diaconato.
            No quarto tópico, o texto trata do que Calvino chamava de duplo diaconato, e para que melhor possamos compreender o espírito do assunto, o autor citou três estudiosos, o historiador Robert M. Kingdon, o Teólogo Elsie McKee e William Innes também teólogo. Robert M. Kingdon questiona a origem do duplo diaconato defendido por Calvino, no entanto, este já havia encontrado em Genebra um duplo diaconato já funcionando, chegando a conclusão de que Calvino defendia esta ideia com base no que acontecia no Hospital Geral.
            Já observamos, que quando Calvino esteve em Genebra, à cidade já havia abraçado a reforma protestante, ocorrendo à modificação na estrutura da igreja, onde deu ensejo a criação de novas instituições. Foi ai que surgiu o Hospital Geral, instituição que fora criada com o escopo de dar assistência aos pobres, que substituiu uma fundação denominada Pyssis Omnium Purgatorii que quer dizer caixa para todas as almas no purgatório. Essa fundação tinha por função auxiliar os pobres, as viúvas e os necessitados, tendo como função acessória rezar pelas almas, um dos motivos pelo qual houve o choque ideológico com a reforma protestante.
            O Governo criou o Hospital Geral com o fim de substituir essas fundações supracitadas, que estavam localizadas na antiga Genebra, onde funcionava o convento das Irmãs de Santa Clara, que recebia verba de vários financiadores, já o Hospital Geral só recebia incentivo de duas fontes, dos procuradores e de um hospitaleiro, sendo criado o hospital um ano antes da chegada de Calvino a Genebra.
            Por este motivo, acredita Kingdon que Calvino se viu influenciado a cerca do diaconato, pois este utilizava sempre o termo procurador e hospitaleiro, como uma forma de defender o duplo diaconato, pois aqueles tinham a função de recolher esmolas e administrar a questão dos pobres, e o hospitaleiro ficava com a incumbência de cuidar de forma efetiva dos pobres e enfermos. 
            Ao falar ainda a respeito das ideias de Calvino, Robert fala a cerca do diaconato, mas dessa fez das Ordenanças Eclesiásticas de 1541, que era uma espécie de lei que a partir dali passaria a gerir a igreja em Genebra, este rol de regras já em suas primeiras linhas vinha tratando a respeito da quarta ordem do governo eclesiástico, ou seja, o diácono como um segundo conceito de duplo diaconato, de forma clara e distintiva tal como as já comentadas Institutas, estas normas trouxeram a inovação do duplo diaconato, bem como suas funções e deveres, pontuando como atores desses ofícios os procuradores e os hospitaleiros. O questionamento de Kingdon gira em torno mais da nomenclatura utilizada por Calvino em seus sermões a cerca do livro de I Timóteo, e a semelhança com o antigo regimento, com relação às ordenanças, Kingdon não se surpreendeu, uma vez que a intenção perseguida por Calvino era a de fornecer uma estrutura para a igreja que havia sofrido a reforma.
            O teólogo Elsie Mckee busca dar ao pensamento de Calvino uma interpretação mais teleológica a cerca do diaconato, assegurando que segundo Calvino, a obrigação da prática da caridade é um dever secundário dos que foram regenerados por Deus. Sendo a primeira parte, o dever de devoção que fora preestabelecida na lei da tábua, onde menciona o amor a Deus e o amor ao próximo, Calvino diferencia também a benevolência da adoração, uma vez que o primeiro mandamento descrito na tábua sempre está acima do segundo mandamento, por conter a benevolência como principal característica, sendo o amor à expressão mais forte e clara da fé, e não propriamente a liturgia.
            Argumenta ainda Elsie, que o diácono é o ministro da benevolência, por encontrar-se em seu dever o papel de ser amoroso com seu próximo, já o pastor seria o ministro do culto na igreja, ou como se fala, o líder officia pietatis, ser cumpridor do fiel mandamento do amor a Deus. Como já dissemos, as obras de caridades eram dirigidas por oficiais que se chamavam diácono, sendo a natureza desse ofício descrito no Novo Testamento, o teólogo McKee, cita o livro de Atos 6.1-6, I Timóteo 3.8- 13 e Romanos 12.8, sendo este último, o mais relevante para que conseguisse chegar ao conhecimento da teoria do duplo diaconato, já para a interpretação, os dois primeiros livros seguidos do capítulo e versículo, dão um norte interpretativo a respeito do diaconato, mostrando-se de fundamental importância a sua observância.
            No livro dos Atos dos Apóstolos em seu capítulo 6.1-6 é considerada pelo teólogo como a principal fonte de informações a respeito do diaconato, segundo João Calvino, a missão do diaconato deve estar efetiva na vida da igreja, sendo vista por ele como uma obrigação que deve estar debaixo de uma ordem eclesiástica, sendo a função do diácono a de compromisso com os pobres e com os aflitos.  Não obstante, existem algumas passagens na bíblia que usam a palavra diaconato, e, além disso, fala de suas qualificações, de como o diácono deve ser portar quando estiver investido neste ofício.
            A título de exemplo, cita-se o livro de I Timóteo 3.8-13 onde de forma extensa fala do diácono, Calvino faz uma ponte entre essa passagem e o que contem no livro de Atos em seu capítulo 6. 1-6, declarando e defendendo que o diaconato é um ofício eclesiástico de instituição apostólica, onde teria como principal objetivo servir aos pobres e não ao bispo, sendo este cargo ou ofício por tempo indeterminado, ou seja, até quando fosse necessário. Doravante, Calvino passou também a dar mais atenção às referências Paulinas que relacionam as mulheres, sobre tudo as viúvas com a diaconia descrita no livro de Rm 16. 1-2; I Timóteo 5.3-10 onde de forma cuidadosa Calvino trata da questão das viúvas, chegando a sugerir que igreja deve utilizar apenas as idosas.
            Pois bem, a interpretação teleológica de Calvino a cerca do diaconato é fundamentada no livro de Rm 12.8. Ele defende de forma exaustiva, que o diaconato tem duas vertentes, o diácono procurador e o hospitaleiro, onde aquele contribui ao trabalho da igreja com a liberalidade, já o segundo seria o que exerce misericórdia com alegria, McKee defende que Calvino soube defender suas ideias de uma forma muito bem fundamentada nas escrituras. Já Kingdon, reconhece o peso dos argumentos de McKee, mas não fica convencido plenamente, admitindo a possibilidade de outras interpretações, pois especula a possibilidade de Calvino ter se inspirado em outros autores para desenvolver a teoria do duplo diaconato.  
            William Innes também deu sua contribuição na busca do conhecimento a respeito do que Calvino entende por diaconato, indicando evidências que possam mostrar que as ideias de Calvino sobre a assistência social, foram influenciadas pelo sistema de Genebra, a indícios de que o principal responsável por influenciar Calvino tenha sido um teólogo chamado Bucer, por sempre haver uma concordância por parte de Calvino no que se refere à questão do pensamento de Martin Bucer.
            Com base no pensamento calvinista, Innes chega a duas conclusões, a primeira de que a influência de Calvino a respeito do duplo diaconato não viria de Genebra, mas sim de seu mentor Martin Bucer, e em segundo lugar, depois do retorno de Calvino de Genebra, este se tornou mais flexível com relação ao conceito de diaconato, reunindo foças para que este novo conceito fosse aplicado à realidade do Hospital Geral.
            No quinto tópico do texto, intitulado de  A Assistência Social na Genebra de Calvino, têm em sua primeira alínea, tratando a respeito do Hospital Geral, pelo fato de o Hospital já existir, antes da chegada de João Calvino, não quer dizer que ele não tenha dado nenhum tipo de contribuição para a melhoria deste, pelo contrário, sua contribuição fora de suma importância à reforma da assistência social do mesmo, não restando dúvidas de que este pensamento defendido por Calvino e com base nas escrituras, consolidou a vitaliciedade e estabilidade da instituição.
            Calvino ainda combinou o conhecimento jurídico e o teológico ao redigir a constituição da igreja reformada de Genebra, dando além de sua contribuição com as Ordenanças Eclesiásticas, um manto de legalidade. Nas Ordenanças existiam quatro ofícios descritos, que iria compor o corpo da igreja, que seria os pastores, os doutores ou mestres, os presbíteros e os diáconos, cada um com suas funções, que eram essenciais. Outro personagem que também é de suma importância citado no texto, é o procurador, que era uma das modalidades de diácono, estes tinham o dever de governar a cidade com toda a junta, que eram eleitos anualmente, já à segunda modalidade de diácono era investida na figura de uma pessoa que institucionalmente vinha a ser o hospitaleiro, este ator, tinha a incumbência de cuidar da administração diária do hospital, auxiliada por uma equipe, este trabalhava em função dos mais necessitados.
            A proposta de Calvino nas Ordenanças era de se prorrogar o mandato dos procuradores e dos hospitaleiros, desde que este esteja realizando um bom trabalho, no entanto, com o passar do tempo, as ordenanças foram sendo deixadas de ser observadas, uma vez que o critério de escolha dos diáconos era o que continha no livro de I Timóteo 3 e Tito 1. Os pastores foram deixando de ser consultado, no que diz respeito a escolha dos que seriam os diáconos, situação que acabou dando luz a um novo ministério, intitulado de Ministério Leigo, que era composto tanto por pessoas que compunha o consórcio, quanto à junta do hospital.
            A alínea B. do capítulo quinto, trata a respeito do fundo francês, que foi uma instituição criada com o escopo de auxiliar os imigrantes de vários países que estavam indo morar em Genebra, posto que, muitos a grande maioria saíram  de seus estados sendo vitimas de perseguição religiosa, causando a cidade uma situação de descontrole financeiro, social e territorial.
            A reforma em Genebra trouxe significativas experiências ao protestantismo, consagrando dois princípios, que seria o papel dos leigos, que é essencial e a necessidade de a igreja ser mais flexível e inovada, Calvino teve sua ideia e pensamento respeitado por muitos anos com essa inovação teleológica, mostrando-nos que a caridade é uma forma de expressão de amor a Deus e ao próximo, o reformador buscou investir em instituições que tinha um papel fundamental com o serviço social que deve ser desempenhando pelo diácono, instituições como o Hospital Geral e o Fundo Frances, Calvino pretendeu ajudar os necessitados de forma organizada, por isso a preocupação com bom funcionamento dessas instituições.
            Um dos pontos mais interessantes do texto são a importância e diferenciação que João Calvino da ao dinheiro, pobreza e ética cristã. Bem como sua postura frente aos órgãos políticos em defesa dos mais necessitados, buscando leis eficazes no sentido de atender aos anseios sociais, bem como sua luta pela pregação do evangelho e o dever de fazer caridade, como sendo um dever não só da igreja, mas também das autoridades locais.