quinta-feira, 25 de setembro de 2014

História da Evangelização no Brasil


Capitulo 11. Protestantes demoram a vir para o Brasil

            Por volta do ano 1805 no século 19, em torno de trezentos anos depois do descobrimento do Brasil, aportou na Bahia por quinze dias o ministro anglicano Henry Martyn, este, ia para índia na qualidade de missionário, onde em menos de sete anos traduziu o Novo Testamento e o Livro comum de oração para o hindustani, logo após este veio a falecer com a idade de 31 anos, acometido de tuberculose. 
            Ao chegar em Salvador Martyn ficou impressionado com a quantidade de cruzes fazendo menção a esta observação em seu dicionário, “          Que missionário será enviado para trazer o nome de Cristo a estas regiões ocidentais? Quando será que esta linda terra se libertará da idolatria e do cristianismo espúrio? Há cruzes em abundância, mas quando será levantada a doutrina da cruz?
            Antes de Martyn desembarcar no Brasil, o trabalho evangelístico estava nas mãos dos padres católicos romanos, com exceção de alguns poucos pastores franceses no Rio de Janeiro, e de alguns outros pastores holandeses que existiam no Nordeste brasileiro, por ocasião da ocupação holandesa que se deu no ano de 1630-1654. Bem como alguns imigrantes suíços e alemães da fé evangélica vivendo no Brasil, o marco histórico que data a chegada da primeira missão jesuíta (1549) e a passagem de Henry por Salvador (1805) transcorreram 265 anos.
            Como se observa, a passagem do missionário Henry no Brasil é marcada por críticas e desafios ao sistema religioso impregnando por meio de simbolismos sobre tudo o da cruz, onde de via com muita frequência em igrejas, hospitais, escolas, casas etc. Razão pela qual, o missionário criticava exaustivamente o comportamento cristão no Brasil, apregoando e questionando quanto ao levantamento da doutrina da cruz, este era o seu maior desafio. 
            Diante da realidade que imperava no Brasil com relação às tentativas de trazer o evangelismo feitos por Pero Vaz de Caminha, Henry Martyn existiram também outros desafios missionários realizados em favor do Brasil, no qual não lograram êxito. Henry morreu em 1812 antes de tomar ciência de que o século dezenove seria marcado pelo evangelismo protestante de uma forma grandiosa, tal como foi no século dezesseis com a emissão do evangelismo católico missionário, onde estes passam 49 anos para atender ao apelo de Caminha e dos missionários protestantes demoraram 50 anos para atender ao apelo de Martyn.
            Neste diapasão urge a seguinte pergunta, porque as missões evangélicas demoraram tanto para chegar ao Brasil?  Nada explica melhor essa situação que a falta de visão missionária dos protestantes da Europa e da América do Norte nos séculos anteriores, com exceção dos morávios e dos holandeses radicados no Extremo Oriente.
            Lutero tinha 21 anos e estudava filosofia, quando começou a circular um panfleto de quinze páginas escritas em latim seguidas pelo título Mundus Novus. Tendo, portanto, um número significativo de venda de exemplares desta obra, atingindo a marca de 4 mil em doze edições.
            Não muito tempo depois, no ano seguinte, Lutero resolve abandonar o curso de direito e se dedicar a vida de monge agostiniano, sua obra trouxe uma significativa colaboração aos missionários da época, outra obra que se acredita ter sido lida pelo próprio Lutero e Úlrico os futuros reformadores tenham lido uma obra intitulada de “A descoberta” e as maravilhas do Brasil já que o Mudus Novus contava a cerca de que a terra descoberta era povoada e seus habitantes praticavam a antropofagia.

Capítulo 12. A Bíblia chega ao Brasil 40 anos antes dos missionários protestantes

            Por volta do ano 1628, em Portugal, foi onde nasceu um dos mais influentes escritores e tradutores da bíblia, João Ferreira de Almeida, que ainda muito jovem veio a se converter em uma igreja reformada holandesa. Ainda muito jovem João quando tinha 16 anos, fez a primeira tradução do Novo Testamento para o português, utilizando-se da versão latina de Teodoro Beza (1519-1605) este era o substituto de Calvino em Genebra.
            A entrada da Bíblia Sagrada no Brasil se deu de forma discreta em 1814, onde a distribuição de exemplares desta obra era entregues nos navios que desembarcavam dos países como Lisboa e portos ingleses em direção ao Brasil. Quatro anos depois, a distribuição das Bíblias passaram a ser feitas por agentes das duas sociedades bíblicas existentes na época, a Britânica e a Americana, tendo como um dos principais disseminadores da distribuição da Bíblia Sagrada na América Latina foi o pastor batista escocês JamesThimson (1781-1854).
            O missionário metodista Daniel Parish (1815-1891) foi quem fixou no Brasil a primeira correspondência da Sociedade Bíblica Americana, chegando até mesmo a propor a Assembleia Legislativa Imperial situada em São Paulo, que o uso da bíblia fosse aplicada nas escolas primárias, se comprometendo em doar uma dúzia dos exemplares.
            A tradução de João Ferreira de Almeida ainda é até os dias de hoje a mais utilizada pelos brasileiros e portugueses mesmo depois de varias edições e revisões.  
             
Capítulo 13. Constituição de 1824 proíbe os protestantes alemães de construir igrejas com torre, sino e cruz

            Em setembro de 1822 no dia da independência, foi o momento da história em que se verificou que o Brasil deixou de ser um país cem por cento católicos, mesmo boa parte dos cristãos não sendo praticantes das liturgias católicas, tendo, portanto, apenas o batismo como forma de declaração católica.
            Como era de costume entre os escravos da época que atingiam um público de em torno de 68,5%, bem como também s índios cristianizados. Pouco mais de um ano e meio, desembarcou no Brasil cerca de trezentos alemães dos quais alguns ficaram no Rio Grande do Sul e a maior parte seguiu para  o Rio de Janeiro acompanhados do pastor Friedrich Oswald Sauerbronn, que tinha 52 anos. Este foi o primeiro ministro protestante residente no Brasil.
            Os alemães vieram para o Brasil dentre outros motivos para branquear a população brasileira, por demais negras, para dificultar uma possível revolta dos escravos. Por volta do ano de 1845 deu-se inicio a emigração alemã, mas só o ano seguinte chegaram 1.749 colonos, segundo dados históricos o Brasil deve ter recebido cerca de 300 mil imigrantes da língua alemã no século 19.
            A Constituição Federal de 1824, trouxe estabelecido que a religião católica continuaria sendo a religião do império, sendo portanto permitido as demais religiões os chamados cultos domésticos, sem que pudesse estas organizações religiosas conter quaisquer elementos que as caracterizasse como um templo religioso. Além de toda o impedimento legal com relação a abertura de templos e limitações eclesiásticas protestantes, havia também o problema da falta de preparo dos colonos, que apregoavam doutrinas que conflitava com os verdadeiros ideais do cristianismo.
            O problema não era só entre os colonos, os católicos também tinha vergonha do padre português Manoel Vieira da Conceição Braga, que não sabia se comunicar em alemão e ainda tinha um comportamento escandaloso e fora do contexto da igreja.  No final do século 19, o Brasil tinha 18 milhões de habitantes, dos quais 600 mil eram alemães ou descendentes de alemães. Menos da metade eram católicos e mais da metade eram protestantes, sendo, portanto o grupo protestante mais nominal que existia no Brasil à época.

Capítulo 14. Missionários da língua inglesa espalham-se pelo Brasil

            Os missionários que vieram para o Brasil eram anglo-americanos por volta do século 19. Data a história, que a movimentação missionária iniciou no Brasil no ano de 1855, com os episcopais, os presbiterianos, os metodistas e os batistas. Este crescimento missionário trouxe para o Brasil um vasto trabalho evangelístico, além disso, houve a inegável luta pelo reconhecimento da liberdade religiosa que por fim fez com que a Igreja Católica Romana passasse a respeitar esta diversidade.
            É bem certo que com essa nova forma de pregar a salvação pela graça, a viver pela fé, trouxe resultados benéficos a vida do povo brasileiro, como até os dias de hoje se pode perceber, muitos dos que foram tocados pela mensagem deixaram seus velhos costumes como bebedices, analfabetismos, vícios, perturbações para viverem em novidade de vida.
            O que não se pode negar, é que alguns missionários cometeram erros drásticos, cometendo a omissão e trazendo consigo o espírito sectarista e denominacionalista que vive até os dias atuais. Além disso, houve também uma colaboração para que o modelo de culto no que diz respeito a cantar hinos, foi amplamente modificada, dando origem este movimento a grandes corais.
             Existia à época um jornalista chamado Robert Raikes (1735-1811) que teve a ideia de criar e organizar a escola dominical, no entanto, 80 anos antes de ele expor essa ideia, o casal Kalley deu inicio a esse departamento na igreja em Petrópolis no Rio de Janeiro em 1855.
            Mão se sabe ao certo, quantos missionários aportaram no Brasil, nem mesmo se estes eram homens ou mulheres, se eram casados ou solteiros, o que se sabe, é que dentre estes existiam solteiros, casados, homens e mulheres. Um dado curioso com relação a estadia dos missionários americanos no Brasil,  bem como de outras nações, é que muitos morriam dentro de pouco tempo devido as doenças existentes no Brasil, dentre várias a que mais atingia estes missionários era a febre amarela, mesmo diante desse cenário os velhos e os novos missionários não se atemorizavam, pois, estes, estavam dispostos a dar a vida pelo evangelho da pregação da palavra.
           
Capítulo 15. Missionário free-lance vem para o Brasil

            O primeiro missionário a realizar no Brasil um trabalho evangelístico sistemático foi o médico escocês Robert Reid Kalley, sendo, portanto, citado por alguns teólogos como apenas mais um protagonista da gama de missionários que integravam o movimento anglo-saxões aristocráticos ou burgueses.
            Sendo este missionário pioneiro no presbiterianismo da Ilha de Madeira em 1838, sendo um dos primeiros médicos missionário que a história pode registrar, sendo este, considerado o maior acontecimento das missões modernas, segundo o escritor e pregador Andrew Bonar. Uma questão que merece ser pontuada com relação à estadia de Kalley é que diferentemente da maioria dos missionários ele tinha uma condição financeira que o permitia ter certas comodidades, situação esta que o permitiu alcançar através do evangelho a elite da época, chegando até mesmo a batizar no ano de 1859 duas damas da corte imperial: Gabriela Augusta Carneiro Leão, irmã do Marquês do Paraná, e sua filha, Henriqueta.
            Não obstante o conhecimento de Kalley no que diz respeito as classes elitizadas, dos quais Dom Pedro II fazia parte do rol dos amigos pessoais do missionário, este também soube se relacionar bem com os pobres e dar-lhes assistência  médica e espiritual, chegando até mesmo a construir um hospital destinado ao uso dos menos favorecidos, além disso Kalley fundou escolas em vários pontos da ilha de Madeira, pois ele havia percebido que grande parte da população era analfabeta, estima-se que mais de 2.500 pessoas passaram por essas escolas.
            Outro dado a respeito de Kalley, é que ele foi criado em um lar religioso onde tudo favorecia que este seguisse a carreira eclesiástica, no entanto, o que aconteceu foi justamente o contrário, este se tornou ateu, pois ele cria que deveria fazer tudo quanto quisesse sem que existisse um impeditivo, este comportamento mudou no dia em que este foi atender a uma senhora em ditosa idade que era também pobre e crente, estando em estado terminal em decorrência da enfermidade. Ao sair de seu quarto, esta senhora pediu que ele pegasse um pedaço de pão velho no armário, que seria sua única refeição do dia, no entanto, o que mais chamou a atenção de Kalley, foi à tranquilidade daquela senhora a despeito da condição de miséria e a proximidade da morte. Pois se lembrou do que sua enteada lhes havia falado certa vez “Se a tua alma  se submetesse a autoridade das escrituras, cessariam todas as tuas dúvidas” a partir deste momento , ele passou a buscar a Deus, e no ano seguinte a este acontecimento, ele passou a congregar na Igreja Presbiteriana da Escócia.
            Com algum tempo depois, Kalley sentiu-se no desejo de assumir sua missão eclesiástica que de forma inexorável o perseguia, passando, portanto por perseguições, sendo preso por cinco meses, e até mesmo tendo que se disfarçar para fugir da fúria do bispo da Ilha de Madeira.

            Kalley foi o responsável, pela publicação do primeiro hinário brasileiro, chamado salmo e hino, publicado em 1861 com 18 salmos e 32 hinos. Embora ele fosse congregacional, mas de origem presbiteriana, Kalley era contra os estreitos denominacionais, e as formas rígidas do credo. Kelley foi o fundador da Igreja Evangélica Fluminense que veio a ser matriz da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil. 

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