quinta-feira, 25 de setembro de 2014

História da Evangelização no Brasil


Capitulo 11. Protestantes demoram a vir para o Brasil

            Por volta do ano 1805 no século 19, em torno de trezentos anos depois do descobrimento do Brasil, aportou na Bahia por quinze dias o ministro anglicano Henry Martyn, este, ia para índia na qualidade de missionário, onde em menos de sete anos traduziu o Novo Testamento e o Livro comum de oração para o hindustani, logo após este veio a falecer com a idade de 31 anos, acometido de tuberculose. 
            Ao chegar em Salvador Martyn ficou impressionado com a quantidade de cruzes fazendo menção a esta observação em seu dicionário, “          Que missionário será enviado para trazer o nome de Cristo a estas regiões ocidentais? Quando será que esta linda terra se libertará da idolatria e do cristianismo espúrio? Há cruzes em abundância, mas quando será levantada a doutrina da cruz?
            Antes de Martyn desembarcar no Brasil, o trabalho evangelístico estava nas mãos dos padres católicos romanos, com exceção de alguns poucos pastores franceses no Rio de Janeiro, e de alguns outros pastores holandeses que existiam no Nordeste brasileiro, por ocasião da ocupação holandesa que se deu no ano de 1630-1654. Bem como alguns imigrantes suíços e alemães da fé evangélica vivendo no Brasil, o marco histórico que data a chegada da primeira missão jesuíta (1549) e a passagem de Henry por Salvador (1805) transcorreram 265 anos.
            Como se observa, a passagem do missionário Henry no Brasil é marcada por críticas e desafios ao sistema religioso impregnando por meio de simbolismos sobre tudo o da cruz, onde de via com muita frequência em igrejas, hospitais, escolas, casas etc. Razão pela qual, o missionário criticava exaustivamente o comportamento cristão no Brasil, apregoando e questionando quanto ao levantamento da doutrina da cruz, este era o seu maior desafio. 
            Diante da realidade que imperava no Brasil com relação às tentativas de trazer o evangelismo feitos por Pero Vaz de Caminha, Henry Martyn existiram também outros desafios missionários realizados em favor do Brasil, no qual não lograram êxito. Henry morreu em 1812 antes de tomar ciência de que o século dezenove seria marcado pelo evangelismo protestante de uma forma grandiosa, tal como foi no século dezesseis com a emissão do evangelismo católico missionário, onde estes passam 49 anos para atender ao apelo de Caminha e dos missionários protestantes demoraram 50 anos para atender ao apelo de Martyn.
            Neste diapasão urge a seguinte pergunta, porque as missões evangélicas demoraram tanto para chegar ao Brasil?  Nada explica melhor essa situação que a falta de visão missionária dos protestantes da Europa e da América do Norte nos séculos anteriores, com exceção dos morávios e dos holandeses radicados no Extremo Oriente.
            Lutero tinha 21 anos e estudava filosofia, quando começou a circular um panfleto de quinze páginas escritas em latim seguidas pelo título Mundus Novus. Tendo, portanto, um número significativo de venda de exemplares desta obra, atingindo a marca de 4 mil em doze edições.
            Não muito tempo depois, no ano seguinte, Lutero resolve abandonar o curso de direito e se dedicar a vida de monge agostiniano, sua obra trouxe uma significativa colaboração aos missionários da época, outra obra que se acredita ter sido lida pelo próprio Lutero e Úlrico os futuros reformadores tenham lido uma obra intitulada de “A descoberta” e as maravilhas do Brasil já que o Mudus Novus contava a cerca de que a terra descoberta era povoada e seus habitantes praticavam a antropofagia.

Capítulo 12. A Bíblia chega ao Brasil 40 anos antes dos missionários protestantes

            Por volta do ano 1628, em Portugal, foi onde nasceu um dos mais influentes escritores e tradutores da bíblia, João Ferreira de Almeida, que ainda muito jovem veio a se converter em uma igreja reformada holandesa. Ainda muito jovem João quando tinha 16 anos, fez a primeira tradução do Novo Testamento para o português, utilizando-se da versão latina de Teodoro Beza (1519-1605) este era o substituto de Calvino em Genebra.
            A entrada da Bíblia Sagrada no Brasil se deu de forma discreta em 1814, onde a distribuição de exemplares desta obra era entregues nos navios que desembarcavam dos países como Lisboa e portos ingleses em direção ao Brasil. Quatro anos depois, a distribuição das Bíblias passaram a ser feitas por agentes das duas sociedades bíblicas existentes na época, a Britânica e a Americana, tendo como um dos principais disseminadores da distribuição da Bíblia Sagrada na América Latina foi o pastor batista escocês JamesThimson (1781-1854).
            O missionário metodista Daniel Parish (1815-1891) foi quem fixou no Brasil a primeira correspondência da Sociedade Bíblica Americana, chegando até mesmo a propor a Assembleia Legislativa Imperial situada em São Paulo, que o uso da bíblia fosse aplicada nas escolas primárias, se comprometendo em doar uma dúzia dos exemplares.
            A tradução de João Ferreira de Almeida ainda é até os dias de hoje a mais utilizada pelos brasileiros e portugueses mesmo depois de varias edições e revisões.  
             
Capítulo 13. Constituição de 1824 proíbe os protestantes alemães de construir igrejas com torre, sino e cruz

            Em setembro de 1822 no dia da independência, foi o momento da história em que se verificou que o Brasil deixou de ser um país cem por cento católicos, mesmo boa parte dos cristãos não sendo praticantes das liturgias católicas, tendo, portanto, apenas o batismo como forma de declaração católica.
            Como era de costume entre os escravos da época que atingiam um público de em torno de 68,5%, bem como também s índios cristianizados. Pouco mais de um ano e meio, desembarcou no Brasil cerca de trezentos alemães dos quais alguns ficaram no Rio Grande do Sul e a maior parte seguiu para  o Rio de Janeiro acompanhados do pastor Friedrich Oswald Sauerbronn, que tinha 52 anos. Este foi o primeiro ministro protestante residente no Brasil.
            Os alemães vieram para o Brasil dentre outros motivos para branquear a população brasileira, por demais negras, para dificultar uma possível revolta dos escravos. Por volta do ano de 1845 deu-se inicio a emigração alemã, mas só o ano seguinte chegaram 1.749 colonos, segundo dados históricos o Brasil deve ter recebido cerca de 300 mil imigrantes da língua alemã no século 19.
            A Constituição Federal de 1824, trouxe estabelecido que a religião católica continuaria sendo a religião do império, sendo portanto permitido as demais religiões os chamados cultos domésticos, sem que pudesse estas organizações religiosas conter quaisquer elementos que as caracterizasse como um templo religioso. Além de toda o impedimento legal com relação a abertura de templos e limitações eclesiásticas protestantes, havia também o problema da falta de preparo dos colonos, que apregoavam doutrinas que conflitava com os verdadeiros ideais do cristianismo.
            O problema não era só entre os colonos, os católicos também tinha vergonha do padre português Manoel Vieira da Conceição Braga, que não sabia se comunicar em alemão e ainda tinha um comportamento escandaloso e fora do contexto da igreja.  No final do século 19, o Brasil tinha 18 milhões de habitantes, dos quais 600 mil eram alemães ou descendentes de alemães. Menos da metade eram católicos e mais da metade eram protestantes, sendo, portanto o grupo protestante mais nominal que existia no Brasil à época.

Capítulo 14. Missionários da língua inglesa espalham-se pelo Brasil

            Os missionários que vieram para o Brasil eram anglo-americanos por volta do século 19. Data a história, que a movimentação missionária iniciou no Brasil no ano de 1855, com os episcopais, os presbiterianos, os metodistas e os batistas. Este crescimento missionário trouxe para o Brasil um vasto trabalho evangelístico, além disso, houve a inegável luta pelo reconhecimento da liberdade religiosa que por fim fez com que a Igreja Católica Romana passasse a respeitar esta diversidade.
            É bem certo que com essa nova forma de pregar a salvação pela graça, a viver pela fé, trouxe resultados benéficos a vida do povo brasileiro, como até os dias de hoje se pode perceber, muitos dos que foram tocados pela mensagem deixaram seus velhos costumes como bebedices, analfabetismos, vícios, perturbações para viverem em novidade de vida.
            O que não se pode negar, é que alguns missionários cometeram erros drásticos, cometendo a omissão e trazendo consigo o espírito sectarista e denominacionalista que vive até os dias atuais. Além disso, houve também uma colaboração para que o modelo de culto no que diz respeito a cantar hinos, foi amplamente modificada, dando origem este movimento a grandes corais.
             Existia à época um jornalista chamado Robert Raikes (1735-1811) que teve a ideia de criar e organizar a escola dominical, no entanto, 80 anos antes de ele expor essa ideia, o casal Kalley deu inicio a esse departamento na igreja em Petrópolis no Rio de Janeiro em 1855.
            Mão se sabe ao certo, quantos missionários aportaram no Brasil, nem mesmo se estes eram homens ou mulheres, se eram casados ou solteiros, o que se sabe, é que dentre estes existiam solteiros, casados, homens e mulheres. Um dado curioso com relação a estadia dos missionários americanos no Brasil,  bem como de outras nações, é que muitos morriam dentro de pouco tempo devido as doenças existentes no Brasil, dentre várias a que mais atingia estes missionários era a febre amarela, mesmo diante desse cenário os velhos e os novos missionários não se atemorizavam, pois, estes, estavam dispostos a dar a vida pelo evangelho da pregação da palavra.
           
Capítulo 15. Missionário free-lance vem para o Brasil

            O primeiro missionário a realizar no Brasil um trabalho evangelístico sistemático foi o médico escocês Robert Reid Kalley, sendo, portanto, citado por alguns teólogos como apenas mais um protagonista da gama de missionários que integravam o movimento anglo-saxões aristocráticos ou burgueses.
            Sendo este missionário pioneiro no presbiterianismo da Ilha de Madeira em 1838, sendo um dos primeiros médicos missionário que a história pode registrar, sendo este, considerado o maior acontecimento das missões modernas, segundo o escritor e pregador Andrew Bonar. Uma questão que merece ser pontuada com relação à estadia de Kalley é que diferentemente da maioria dos missionários ele tinha uma condição financeira que o permitia ter certas comodidades, situação esta que o permitiu alcançar através do evangelho a elite da época, chegando até mesmo a batizar no ano de 1859 duas damas da corte imperial: Gabriela Augusta Carneiro Leão, irmã do Marquês do Paraná, e sua filha, Henriqueta.
            Não obstante o conhecimento de Kalley no que diz respeito as classes elitizadas, dos quais Dom Pedro II fazia parte do rol dos amigos pessoais do missionário, este também soube se relacionar bem com os pobres e dar-lhes assistência  médica e espiritual, chegando até mesmo a construir um hospital destinado ao uso dos menos favorecidos, além disso Kalley fundou escolas em vários pontos da ilha de Madeira, pois ele havia percebido que grande parte da população era analfabeta, estima-se que mais de 2.500 pessoas passaram por essas escolas.
            Outro dado a respeito de Kalley, é que ele foi criado em um lar religioso onde tudo favorecia que este seguisse a carreira eclesiástica, no entanto, o que aconteceu foi justamente o contrário, este se tornou ateu, pois ele cria que deveria fazer tudo quanto quisesse sem que existisse um impeditivo, este comportamento mudou no dia em que este foi atender a uma senhora em ditosa idade que era também pobre e crente, estando em estado terminal em decorrência da enfermidade. Ao sair de seu quarto, esta senhora pediu que ele pegasse um pedaço de pão velho no armário, que seria sua única refeição do dia, no entanto, o que mais chamou a atenção de Kalley, foi à tranquilidade daquela senhora a despeito da condição de miséria e a proximidade da morte. Pois se lembrou do que sua enteada lhes havia falado certa vez “Se a tua alma  se submetesse a autoridade das escrituras, cessariam todas as tuas dúvidas” a partir deste momento , ele passou a buscar a Deus, e no ano seguinte a este acontecimento, ele passou a congregar na Igreja Presbiteriana da Escócia.
            Com algum tempo depois, Kalley sentiu-se no desejo de assumir sua missão eclesiástica que de forma inexorável o perseguia, passando, portanto por perseguições, sendo preso por cinco meses, e até mesmo tendo que se disfarçar para fugir da fúria do bispo da Ilha de Madeira.

            Kalley foi o responsável, pela publicação do primeiro hinário brasileiro, chamado salmo e hino, publicado em 1861 com 18 salmos e 32 hinos. Embora ele fosse congregacional, mas de origem presbiteriana, Kalley era contra os estreitos denominacionais, e as formas rígidas do credo. Kelley foi o fundador da Igreja Evangélica Fluminense que veio a ser matriz da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil. 

RESUMO DO TEXTO AMANDO A DEUS E AO PRÓXIMO: JOÃO CALVINO E O DIACONATO EM GENEBRA




            Nas primeiras linhas do texto Alderi S. Matos busca atrair a atenção do leitor para a importância que existe em observar o diaconato como um ramo do estudo da teologia em que nos remonta a prática cristã, defendendo o ilustre autor, que o diaconato é inseparável da essência da igreja, devendo este fazer parte do modo de ser das igrejas cristãs, uma vez que o que deve ligar o diácono ao serviço da obra não deve ser a mera função de obreiro, mas sobre tudo  o compromisso em ajudar o próximo, servindo com fidelidade em seu ofício.
            Em seguida a proposta do estudo em tela é analisar a relação do diaconato com a ação social, citada por João Calvino, renovado teólogo que busca enfatizar a importância do serviço social no seio da igreja cristã primitiva. Alderi  S. Silva se  propõe neste ensaio fazer uma breve abordagem da vida de Calvino para melhor entender seu ponto de vista interpretativo, bem como, buscar a compressão de outras interpretações com base no pensamento calvinista, a cerca da dupla função do diaconato, Calvino iniciou seu ministério em Genebra, onde encontrou expressões que deram praticidade ao seu pensamento, buscando sempre aplica-lo, por entender e defender um grau elevado de importância que cerca o diaconato.
            No primeiro tópico do texto, a uma discrição a respeito de Calvino, teólogo que nasceu na cidade de Noyon a cerca de 100 km a noroeste de Paris, segundo alguns autores, alguns acontecimentos em torno da vivência de Calvino, corroboraram para que ele se tornasse uma pessoa mais ansiosa e inquieta, este, viveu durante alguns anos com uma aristocrática família de Montmor, no qual sempre se mostrou agradecido.
            Ainda muito jovem João Calvino por intermédio de seu pai, recebera um beneplácito do bispo de Noyon, onde existia como requisito para o ingresso, que Calvino pertencesse ao uma ordem menor, este benefício era uma espécie de bolsa de estudos. Iniciou seus estudos em Paris, por volta de 1528, onde de forma precoce se destacava na academia pelos seus pensamentos inovadores e humanistas, bem como pela sua antipatia com o método escolástico adotado pela teologia da época.
            Não obstante o fato de João Calvino ter estudado teologia em Paris, seu pai sob incisiva insistência convenceu Calvino a estudar direito em 1528 na cidade de Orléans, e em seguida deu continuidade aos seus estudos jurídicos em Bourges, onde estudou grego. Porém com o falecimento de seu pai, Calvino abandonou os estudos das ciências jurídicas pra se dedicar ao que de fato o fascinava que era a literatura clássica, voltando à Paris, no ano subsequente lançou seu primeiro livro intitulado de Sobre a Clemência.
João usufruiu do benefício durante treze anos, onde por ocasião de sua conversão que se deu em meio a lutas, inquietações e dúvidas, essa conversão se deu por volta de 1533- 1534, onde ele chamava de conversão repentina, aonde ele veio a renunciar o benefício.
            A primeira obra de Calvino já como protestante foi a intitulada de ‘’ A todos que amam a Jesus Cristo e seu evangelho’’ (1535). Doravante, Calvino e seu amigo Nicholas Cop reitor da universidade de Paris, tiveram que fugir para salvar suas vidas, pois estes foram acusados de professarem em um determinado discurso na Universidade de Paris, ideais protestantes e luteranos. Cop e Calvino refugiaram-se na casa de um amigo em Angoulême, onde deu inicio a obras que mais tarde foram chamadas de institutos da religião cristã.
            Um ano depois, Calvino e seu amigo Cop, foram à cidade de Basiléia, cidade natal de Cop, mas essa ida a cidade só foi possível quando as perseguições foram encerradas, em 1536 fora publicado o documento considerado o mais importante da literatura protestante, por conter elementos de cunho reformador à igreja no século dezesseis, outra situação que merece ser pontuada concernente ao documento intitulado de Institutas é que este, em um lapso de tempo curtíssimo, tornou- se um best-seller, este livro, continha na introdução um endereçamento ao rei Francisco I, o principal motivo do livro era buscar uma reforma cristã.
            Com o escopo de dar continuidade aos seus estudos, Calvino viajou para Estrasburgo com seu irmão e meio irmão. No entanto, por determinação do rei Francisco I e do Imperador Carlos V, algumas manobras militares estavam sendo feitas no caminho por onde Calvino iria passar situação esta, que o obrigou a tomar um caminho mais longo em direção ao seu destino pretendido, em Genebra, Calvino decidiu passar uma noite antes de dar continuidade a sua jornada.
            Guillaume Farel em Genebra tinha levado a cidade a abraçar a reforma protestante apenas dois meses antes de Calvino ter proposto a reforma em Basiléia, a obra da reforma estava intimamente ligada à emancipação de Genebra da casa de Savóia, que tinha convicções católicas, Farel quando tomou conhecimento de que João Calvino estava na cidade, logo foi ao seu encontro para tentar convence-lo a ficar na cidade, para que este o ajudasse a consolidar a reforma, não animado com a ideia, Calvino argumentou que poderia ajudar o protestantismo mais com seus inscritos que propriamente com este tipo de movimento, não satisfeito, Farel disse a Calvino que aira de Deus estaria sobre ele caso ele não o acompanhasse, e desde então Calvino resolveu ficar e apoiar a reforma protestante em Genebra, alguns estudiosos acreditam que o destino de Calvino ficou ligado ao de Genebra a partir desse momento.
            Alguns acontecimentos na vida de Calvino foram considerados pelos estudiosos da teologia como decisivos, como sua breve estadia em Genebra em menos de dois anos, por ter entrado em confronto ideológico com as autoridades civis, ousando discordar tanto das liturgias, adesão, confissão de fé, etc. Em 1538, Calvino e Farel foram expulsos de Genebra e foram pra Basiléia e com pouco tempo Calvino transferiu-se pra Estrasburgo, onde iniciou uma trajetória que deu ao seu ministério uma formação que ensejou decisões que fizeram dele uma das figuras mais importantes da reforma protestante e de todos os tempos.
            Após estes acontecimentos, Calvino deu início ao trabalho pastoral em uma pequena congregação de refugiados franceses, passou a ensinar na Escola João Sturm, que serviu de modelo pra sua futura academia em Genebra. Outra inovação foi um escrito de Calvino que fora bastante extensa da obra Institutas (que fora publicada no ano de 1539) dentre outros escritos, atuou ainda como diplomata eclesiástico, andando por muitas cidades realizando conferências e atuando como conselheiro em delegações protestantes, o objetivo era restaurar a unidade cristã entre protestantes e os católicos, e por fim, dentro do cenário de transformações e novidades ocorridas na vida de Calvino, este veio a casar com uma de suas paroquianas, que se chamava Idelete de Bure.
            Ficando sabido do sucesso que Calvino obtinha em Estrasburgo, os genebrinos suplicaram o retorno de Calvino que atendeu ao pedido e se tornou pastor da Catedral de San Pierre, sendo este, contemplado com diversas regalias, tais como, moradia, salário, alimentação dentre outras.
            Dentro de tudo ocorreu na vida de Calvino até agora, nada foi mais marcante na vida dele que os dois primeiros atos oficiais que ele empreendeu em seu retorno, onde ele apresentou ao conselho da cidade um plano detalhado de ordem e governo da igreja, nestas ordenanças havia quatro figuras que seriam os pastores, doutores, presbíteros e diáconos que corresponderiam a áreas distintas como educação, disciplina e ação social. No entanto, mesmo com a aprovação deste plano, Calvino nunca obteve êxito no que se refere à questão do cumprimento destes mandamentos, ficando apenas no plano da teoria.
            No segundo tópico do presente texto, é explanado o pensamento social de Calvino, em como ele vislumbrava a relação da sociedade com a igreja. Em linhas mestras cabe ressaltar que Calvino deixa bastante claro a preocupação com a ação social, seus ensinamentos, princípios, e inscritos deixaram esta preocupação de forma latente ganhar dimensões que até hoje se estudam na teologia, tal como a responsabilidade da igreja frente os problemas sociais, a exposição do pensamento dele com relação à riqueza e pobreza, o trabalho em busca do bem estar social, suas principais ações e pretensões podem ser encontradas em diversas fontes, sendo uma das principais a Institutas, que além de servir de parâmetro para nortear a relação igreja x sociedade, serve como uma bússola que guiaria o quádruplo ministério mencionado acima.
            Segundo W. Fred Graham, Calvino nunca viu pobreza e riqueza como benesse ou desfavor de Deus para com o ser humano, excluindo de seu pensamento a questão do mérito pessoal, e como sinal de que este estaria salvo. Para Calvino a riqueza e a pobreza era apenas uma forma de favor ou do julgamento de Deus sobre toda a comunidade, visando o bem comum de todos, questão bastante interessante é com relação à pergunta arguida por Calvino com relacão ao porque Deus permitiria a presença de pobreza na terra, se não porque ele desejaria nos dar ocasião para praticar o bem.
            Além deste pensamento, Calvino condenava o comportamento intolerante de muitos ricos, por se sua preocupação que a dádiva dada por Deus aos homens fosse usada para o bem comum, não para a concentração de riquezas e poder, tal como ocorreu em Genebra, ele reuniu força para conclamar o amor, argumentando que a riqueza vem de Deus e que deveria ser usada para auxiliar os irmãos. Ou seja, a solidariedade da comunidade humana, deveria ser tamanha que fosse inaceitável que alguns vivessem abundantemente, enquanto outros vivessem a margem da miséria, defende de forma acentuada essa questão das doações que deveriam existir de forma generosas da classe rica em detrimentos dos pobres.
            Dentro desse contexto, Calvino argumentava e tinha por referência bíblica o Capítulo 58.7 do livro de Isaias “... não te escondas de teu semelhante” ele chamava de semelhante, o pobre no caso, o reformador discursava ainda de forma incisiva a respeito de repartir com os pobres as riquezas, acreditando que com esse ato os homens ficariam em comunhão uns com os outros. Graham citando Calvino, diz que essa partilha não deve estar dentro de um legalismo e sim dentro de uma espontaneidade e liberdade, fala ainda o autor a respeito de Calvino, pontuando seu comportamento ético e dedicado aos trabalhos eclesiástico, sempre tendo em vista a solidariedade e o bem estar, Graham cita ainda, que tudo que venha a contribuir para o sofrimento humano é maléfico, Calvino defendia ainda que nenhum cidadão poderia ser privado de trabalhar para obter o seu sustento.
            O reformador ficava profundamente decepcionado com os que praticavam de forma exacerbada o monopólio e a especulação, se aproveitando da necessidade financeira dos outros, defendendo que o Governo deveria se impor a essa situação a fim de impedir que o bem comum fosse sacrificado.
            No terceiro tópico, consideramos ser um dos mais importantes do estudo hora comentados, uma vez que o instituto do diaconato como sendo uma contribuição teológica de Calvino no entendimento reformador, dado seu grau de importância dentro do protestantismo, ser diácono para Calvino, é estar investido de um ofício, é ter um múnus público em atender os pobres com base na fé e na palavra de conforto aos que dela necessitem, o diácono na Genebra de Calvino era perito no que hoje se denomina serviço social e assistência social.
             Existem como fontes principais para o entendimento de Calvino a cerca do diaconato pelo menos duas, primeiro as Institutas, em especial á partir da segunda edição, e as Ordenanças Eclesiásticas, que foi redigida para Genebra no ano 1541, que foi de fato sua primeira contribuição para a reforma da assistência social, sem deixar de citar claro, o Sermão de Calvino a cerca do livro de I Timóteo em 1561.
            As Institutas estão divididas em quatro livros, que segue a regra do credo dos apóstolos, sendo seu primeiro livro o que trata do conhecimento a respeito de Deus como criador em sentido amplo, o segundo livro trata do conhecimento de Deus como Redentor, o terceiro livro versa sobre como se alcança a graça de Cristo, e por fim, o quarto livro trata do dos meios externos pelo qual Deus convida pessoas para o trabalho de sua obra, e é justamente neste último livro que Calvino trata a respeito do diaconato, como sendo uma das funções primordiais no trabalho e no desenvolvimento da igreja.
            Segundo M. Kingdon, Calvino reagiu de forma a discordar dos ensinamentos da igreja católica romana tradicional, que pregava ser a função do diácono apenas a de se envolver nos assuntos administrativos, auxiliando nas liturgias, esperando a promoção do sacerdócio. Calvino dizia que, o ofício do diácono não se restringia a mera administração e auxilio da liturgia da igreja, mas também tinha como seu ofício a assistência social, assistindo aos pobres e acolhendo aos necessitados, sendo este não apenas seu ofício, mas parte do conceito de diaconato.
            No quarto tópico, o texto trata do que Calvino chamava de duplo diaconato, e para que melhor possamos compreender o espírito do assunto, o autor citou três estudiosos, o historiador Robert M. Kingdon, o Teólogo Elsie McKee e William Innes também teólogo. Robert M. Kingdon questiona a origem do duplo diaconato defendido por Calvino, no entanto, este já havia encontrado em Genebra um duplo diaconato já funcionando, chegando a conclusão de que Calvino defendia esta ideia com base no que acontecia no Hospital Geral.
            Já observamos, que quando Calvino esteve em Genebra, à cidade já havia abraçado a reforma protestante, ocorrendo à modificação na estrutura da igreja, onde deu ensejo a criação de novas instituições. Foi ai que surgiu o Hospital Geral, instituição que fora criada com o escopo de dar assistência aos pobres, que substituiu uma fundação denominada Pyssis Omnium Purgatorii que quer dizer caixa para todas as almas no purgatório. Essa fundação tinha por função auxiliar os pobres, as viúvas e os necessitados, tendo como função acessória rezar pelas almas, um dos motivos pelo qual houve o choque ideológico com a reforma protestante.
            O Governo criou o Hospital Geral com o fim de substituir essas fundações supracitadas, que estavam localizadas na antiga Genebra, onde funcionava o convento das Irmãs de Santa Clara, que recebia verba de vários financiadores, já o Hospital Geral só recebia incentivo de duas fontes, dos procuradores e de um hospitaleiro, sendo criado o hospital um ano antes da chegada de Calvino a Genebra.
            Por este motivo, acredita Kingdon que Calvino se viu influenciado a cerca do diaconato, pois este utilizava sempre o termo procurador e hospitaleiro, como uma forma de defender o duplo diaconato, pois aqueles tinham a função de recolher esmolas e administrar a questão dos pobres, e o hospitaleiro ficava com a incumbência de cuidar de forma efetiva dos pobres e enfermos. 
            Ao falar ainda a respeito das ideias de Calvino, Robert fala a cerca do diaconato, mas dessa fez das Ordenanças Eclesiásticas de 1541, que era uma espécie de lei que a partir dali passaria a gerir a igreja em Genebra, este rol de regras já em suas primeiras linhas vinha tratando a respeito da quarta ordem do governo eclesiástico, ou seja, o diácono como um segundo conceito de duplo diaconato, de forma clara e distintiva tal como as já comentadas Institutas, estas normas trouxeram a inovação do duplo diaconato, bem como suas funções e deveres, pontuando como atores desses ofícios os procuradores e os hospitaleiros. O questionamento de Kingdon gira em torno mais da nomenclatura utilizada por Calvino em seus sermões a cerca do livro de I Timóteo, e a semelhança com o antigo regimento, com relação às ordenanças, Kingdon não se surpreendeu, uma vez que a intenção perseguida por Calvino era a de fornecer uma estrutura para a igreja que havia sofrido a reforma.
            O teólogo Elsie Mckee busca dar ao pensamento de Calvino uma interpretação mais teleológica a cerca do diaconato, assegurando que segundo Calvino, a obrigação da prática da caridade é um dever secundário dos que foram regenerados por Deus. Sendo a primeira parte, o dever de devoção que fora preestabelecida na lei da tábua, onde menciona o amor a Deus e o amor ao próximo, Calvino diferencia também a benevolência da adoração, uma vez que o primeiro mandamento descrito na tábua sempre está acima do segundo mandamento, por conter a benevolência como principal característica, sendo o amor à expressão mais forte e clara da fé, e não propriamente a liturgia.
            Argumenta ainda Elsie, que o diácono é o ministro da benevolência, por encontrar-se em seu dever o papel de ser amoroso com seu próximo, já o pastor seria o ministro do culto na igreja, ou como se fala, o líder officia pietatis, ser cumpridor do fiel mandamento do amor a Deus. Como já dissemos, as obras de caridades eram dirigidas por oficiais que se chamavam diácono, sendo a natureza desse ofício descrito no Novo Testamento, o teólogo McKee, cita o livro de Atos 6.1-6, I Timóteo 3.8- 13 e Romanos 12.8, sendo este último, o mais relevante para que conseguisse chegar ao conhecimento da teoria do duplo diaconato, já para a interpretação, os dois primeiros livros seguidos do capítulo e versículo, dão um norte interpretativo a respeito do diaconato, mostrando-se de fundamental importância a sua observância.
            No livro dos Atos dos Apóstolos em seu capítulo 6.1-6 é considerada pelo teólogo como a principal fonte de informações a respeito do diaconato, segundo João Calvino, a missão do diaconato deve estar efetiva na vida da igreja, sendo vista por ele como uma obrigação que deve estar debaixo de uma ordem eclesiástica, sendo a função do diácono a de compromisso com os pobres e com os aflitos.  Não obstante, existem algumas passagens na bíblia que usam a palavra diaconato, e, além disso, fala de suas qualificações, de como o diácono deve ser portar quando estiver investido neste ofício.
            A título de exemplo, cita-se o livro de I Timóteo 3.8-13 onde de forma extensa fala do diácono, Calvino faz uma ponte entre essa passagem e o que contem no livro de Atos em seu capítulo 6. 1-6, declarando e defendendo que o diaconato é um ofício eclesiástico de instituição apostólica, onde teria como principal objetivo servir aos pobres e não ao bispo, sendo este cargo ou ofício por tempo indeterminado, ou seja, até quando fosse necessário. Doravante, Calvino passou também a dar mais atenção às referências Paulinas que relacionam as mulheres, sobre tudo as viúvas com a diaconia descrita no livro de Rm 16. 1-2; I Timóteo 5.3-10 onde de forma cuidadosa Calvino trata da questão das viúvas, chegando a sugerir que igreja deve utilizar apenas as idosas.
            Pois bem, a interpretação teleológica de Calvino a cerca do diaconato é fundamentada no livro de Rm 12.8. Ele defende de forma exaustiva, que o diaconato tem duas vertentes, o diácono procurador e o hospitaleiro, onde aquele contribui ao trabalho da igreja com a liberalidade, já o segundo seria o que exerce misericórdia com alegria, McKee defende que Calvino soube defender suas ideias de uma forma muito bem fundamentada nas escrituras. Já Kingdon, reconhece o peso dos argumentos de McKee, mas não fica convencido plenamente, admitindo a possibilidade de outras interpretações, pois especula a possibilidade de Calvino ter se inspirado em outros autores para desenvolver a teoria do duplo diaconato.  
            William Innes também deu sua contribuição na busca do conhecimento a respeito do que Calvino entende por diaconato, indicando evidências que possam mostrar que as ideias de Calvino sobre a assistência social, foram influenciadas pelo sistema de Genebra, a indícios de que o principal responsável por influenciar Calvino tenha sido um teólogo chamado Bucer, por sempre haver uma concordância por parte de Calvino no que se refere à questão do pensamento de Martin Bucer.
            Com base no pensamento calvinista, Innes chega a duas conclusões, a primeira de que a influência de Calvino a respeito do duplo diaconato não viria de Genebra, mas sim de seu mentor Martin Bucer, e em segundo lugar, depois do retorno de Calvino de Genebra, este se tornou mais flexível com relação ao conceito de diaconato, reunindo foças para que este novo conceito fosse aplicado à realidade do Hospital Geral.
            No quinto tópico do texto, intitulado de  A Assistência Social na Genebra de Calvino, têm em sua primeira alínea, tratando a respeito do Hospital Geral, pelo fato de o Hospital já existir, antes da chegada de João Calvino, não quer dizer que ele não tenha dado nenhum tipo de contribuição para a melhoria deste, pelo contrário, sua contribuição fora de suma importância à reforma da assistência social do mesmo, não restando dúvidas de que este pensamento defendido por Calvino e com base nas escrituras, consolidou a vitaliciedade e estabilidade da instituição.
            Calvino ainda combinou o conhecimento jurídico e o teológico ao redigir a constituição da igreja reformada de Genebra, dando além de sua contribuição com as Ordenanças Eclesiásticas, um manto de legalidade. Nas Ordenanças existiam quatro ofícios descritos, que iria compor o corpo da igreja, que seria os pastores, os doutores ou mestres, os presbíteros e os diáconos, cada um com suas funções, que eram essenciais. Outro personagem que também é de suma importância citado no texto, é o procurador, que era uma das modalidades de diácono, estes tinham o dever de governar a cidade com toda a junta, que eram eleitos anualmente, já à segunda modalidade de diácono era investida na figura de uma pessoa que institucionalmente vinha a ser o hospitaleiro, este ator, tinha a incumbência de cuidar da administração diária do hospital, auxiliada por uma equipe, este trabalhava em função dos mais necessitados.
            A proposta de Calvino nas Ordenanças era de se prorrogar o mandato dos procuradores e dos hospitaleiros, desde que este esteja realizando um bom trabalho, no entanto, com o passar do tempo, as ordenanças foram sendo deixadas de ser observadas, uma vez que o critério de escolha dos diáconos era o que continha no livro de I Timóteo 3 e Tito 1. Os pastores foram deixando de ser consultado, no que diz respeito a escolha dos que seriam os diáconos, situação que acabou dando luz a um novo ministério, intitulado de Ministério Leigo, que era composto tanto por pessoas que compunha o consórcio, quanto à junta do hospital.
            A alínea B. do capítulo quinto, trata a respeito do fundo francês, que foi uma instituição criada com o escopo de auxiliar os imigrantes de vários países que estavam indo morar em Genebra, posto que, muitos a grande maioria saíram  de seus estados sendo vitimas de perseguição religiosa, causando a cidade uma situação de descontrole financeiro, social e territorial.
            A reforma em Genebra trouxe significativas experiências ao protestantismo, consagrando dois princípios, que seria o papel dos leigos, que é essencial e a necessidade de a igreja ser mais flexível e inovada, Calvino teve sua ideia e pensamento respeitado por muitos anos com essa inovação teleológica, mostrando-nos que a caridade é uma forma de expressão de amor a Deus e ao próximo, o reformador buscou investir em instituições que tinha um papel fundamental com o serviço social que deve ser desempenhando pelo diácono, instituições como o Hospital Geral e o Fundo Frances, Calvino pretendeu ajudar os necessitados de forma organizada, por isso a preocupação com bom funcionamento dessas instituições.
            Um dos pontos mais interessantes do texto são a importância e diferenciação que João Calvino da ao dinheiro, pobreza e ética cristã. Bem como sua postura frente aos órgãos políticos em defesa dos mais necessitados, buscando leis eficazes no sentido de atender aos anseios sociais, bem como sua luta pela pregação do evangelho e o dever de fazer caridade, como sendo um dever não só da igreja, mas também das autoridades locais.






IGREJA E RESPONSABILIDADE SOCIAL



      Para desenvolver uma mentalidade social responsável à igreja terá que, evita o fanatismo,isso significa que deve manter a sua santidade, sem torna-se socialmente alienada, é evidente que isso não é uma tarefa fácil, porém possível o homem religioso é aquele que aprendeu a valorizar os significados espirituais que possui dentro dese porem quando esses significados  passam a tomar sentido tão elevados ao ponto de fazê-lo se esquecer ou ignorar as outras áreas surge então o fanatismo a isso também chamado de alienação social.
 Sugerimos algumas atitudes: como, uma pregação fiel à palavra de Deus, sem dar ênfase a experiências subjetivas, refletir em um evangelho piedoso e responsável e vivenciando uma vida controlada pelo espírito Santo.
      Estabelecer uma maior abertura para o levantamento de discussões que aflige a nossa sociedade. Superando as barreiras sociais a Igreja estará pronta para um envolvimento social responsável, tendo os membros engajados em serviços sociais, pronto e produtivos, para uma ação social responsável através de uma influencia positiva capaz de transformá-las em instituições mais justas.
A Igreja precisa está presente e próxima da comunidade, nas associações de moradores, programas, sociais voluntário se até uma participação política efetiva e responsável assim, a Igreja será verdadeiramente sal e luz do mundo.