sábado, 18 de agosto de 2018

RESENHA DO LIVRO “DOS DELITOS E DAS PENAS”

Nunca uma obra tão antiga continua tão atualizada. Não por falta de evolução, logicamente, da sociedade. Pelo contrário, a sociedade evoluiu e muito durante esses séculos. Séculos? Sim, a obra referida, dos delitos e das penas, vem da tradução do italiano, “dei delitti e delle penne”, foi escrita por Maques de Becaaria na segunda metade do século XVII, dentro de um movimento filosófico e humanitário que se estabelecia na França. Nessa época vários abusos na legislação penal já eram presentes como, por exemplo, penas superiores e terríveis que não correspondiam com os males provocados pelos delitos, em tese, praticados. E contra isso Beccaria se manifestou. Sua ideia se baseava em uma vida mais justa e humana, mesmo em uma seara delicada como a dos crimes e suas penas.

Dos delitos e das penas traz protestos contra a tortura, penas infamantes, degradantes, desigualdades dos castigos impostos. Mostra a inutilidade da pena de morte, ainda hoje tão debatida, como meio de punição. Faz menção aprofundada no que tange a proporcionalidade entre a pena aplicada ao delito que houvera sido praticado. E, mais do que nunca, explicita brilhantemente a separação de poderes, principalmente entre o legislativo e o judiciário. Tudo isso com a ideia central de igualdade, justiça e humanidade dentro de um tema caloroso que são os crimes e suas respectivas penas.

A questão enfrentada, a priori, é das más leis produzidas. Más leis, pois beneficiam a minoria, deixando a maioria claramente a mercê da fraqueza e da miséria. O que defende Beccaria é que somente com boas leis pode transformar essa situação desigual. E já que falamos de leis, lembra-se esse livro da separação de poderes, defendida e demonstrada por Montesquieu. Deixando clara a ideia de que quem legisla é o Poder legislativo e não o Judiciário, para que não houvesse arbitrariedade na feitura das leis e nos julgamentos, onde tais leis eventualmente seriam aplicadas.

As penas surgiram bem como o direito de punir, ou seja, para proteger a sociedade daqueles que transgrediam a expectativa de paz que já se fazia inerente a uma sociedade que pretende viver bem decorrendo a ideia de contrato social. Ocorre que ninguém sacrificaria sua liberdade para visar o interesse público. Logo, para que a grande maioria se sentisse segura houve a necessidade de sacrificar a liberdade de uns para que o resto goze de mais segurança. Ou seja, aquele que quebrasse o contrato social deveria ser punido com a restrição de sua liberdade para manter a paz social.

Diante de tudo isso foram extraídos princípios que existem até hoje. Como o princípio da separação dos poderes. Ou seja, o livro expressa que os delitos e as penas a eles aplicadas somente poderão ser feitos através de lei, e não por ato do Poder Judiciário, por exemplo, estendendo a hoje também ao
Poder Executivo. Além disso, fala do princípio da proporcionalidade entre o delito e o mal que ele causa com a pena aplicada a esse respectivo crime. Hoje muito discutido tal tema e uma inovação legislativa como a lei antidrogas editada em 2006. Onde abrandou certas penas e recrudesceram outros tipos penais considerados mais maléficos à sociedade.

No livro existe a menção da tríade entre acusador, acusado e julgador no conceito de equidistância necessária para que haja a justiça. Deixa clara a obra que toda e qualquer atitude que vai contra a justiça ou ao contrato social, vale dizer, bem estar social deverá ser considerada odiosa e, portanto punida, dentro das vertentes e limites já vistos acima. Os costumes e/ou interpretação das leis, por parte do julgador, é repudiada, pois a lei tem caráter geral e não pode ser interpretada, sob pena de
beneficiar uns em detrimentos de outros.

Portanto, as leis devem ser claras, de caráter geral na destinação, manter a harmonia social, sob a ideia de contrato social. Se houver o delito, a pena a ele aplicada deve estar, tanto quanto ele, previamente descrita e sua aplicação deverão ser proporcional ao potencial lesivo do ato repudiado.  Os poderes não podem se misturar, garantindo assim que não exista arbitrariedade nos julgamentos e na consequente aplicação da lei. O julgamento deve ser claro, com possibilidade de arguição de suspeição de juízes quando assim se faça necessário.

O que fala essas escritas senão dos princípios da legalidade, reserva legal, anterioridade, individualização da pena, separação de poderes, dignidade da pessoa humana, devido processo legal, publicidade... O que há de mais atual que isso? A obra falava disso a séculos atrás. O que não funciona, então? Os homens. O caráter, a corrupção, a visão distorcida pela ganância e a inversão de valores. É isso que não deixa funcionar todo e qualquer sistema.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

ORDENAÇÃO FEMININA


INTRODUÇÃO


               Um erro de muitos crentes em relação a travar batalhas é abrir mão de estratégias que podem ser um fator decisivo para um resultado positivo, claro que nem sempre as estratégias são determinantes pois é possivelmente alguém vencer batalhas por meio das provocações e em situações de precariedade, porém tal tática encontra limites em outros campos de atuação. Acentua-se esta deficiência quando algum abuso não pode mais ser ignorado, que é quando as pessoas se juntam em batalha para contra-atacar, isso em primeira mão é um erro do apologeta, haja vista que abrisse mão das estratégias de ataque e defesa em face da força, onde na verdade é extremamente possível convencer, interpretar e ganhar uma batalha sem que ocorra necessariamente uma batalha. Dentro desse contexto surge uma das batalhas interpretativas da Teologia que é a Ordenação feminina, das mulheres nos púlpitos das igrejas ou no conselho de presbíteros, neste tipo de demanda não se pode querer vencer o assunto com base me táticas interpretativas já que a literalidade do texto Bíblico é bastante claro a este respeito.
          O clima de incredulidade tem impedido essa aceitação por parte dos Teólogos que aderem à Ordenação feminina fechado os olhos para a exegese que Paulo faz sobre este tema e do efetivo papel da mulher na igreja. Mesmo as palavras sendo claras “ a mulher aprenda em silêncio, com toda submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Todavia será preservada através de sua missão de mãe, se ele permanecer em fé, em amor e em santificação, com bom senso” (I Tim. 2:11-15). Mesmo diante da simplicidade com que é demonstrado o papel da mulher, para alguns exsurgem dúvidas simplesmente pela predisposição em não querer aceitar a simplicidade do texto.
          Por ser a mulher a glória do homem, a esposa deveria ir para a igreja sempre cingida de humildade afim de que auxilie o homem em seu trabalho eclesiástico, tal afirmativa encontra resistência pelo movimento feminista por causa do proativismo que inegavelmente se exige e se verifica na maioria das mulheres, deve-se observar o que diz o livro de ICor. 11:11-9 quando diz: Porque o homem não foi feito da mulher; e sim, a mulher do homem. Porque o homem não foi criado por causa da mulher; e,sim, a mulher, por causa do homem”. É obvio que em uma época como a que nos encontramos tal afirmativa pode magoar a todos nós pelo modernismo em qual estamos inseridos, porém tal ensino não pode ser conciliado com o feminismo, porém para os que querem andar com esse movimento a exegética apresenta diversos obstáculos em sua aceitação.
          Como se pode declara-se cristão e ao mesmo tempo contornar o texto bíblico preferindo a onda teológica? A existência dessa anomalia dentro das igrejas indica mais a sujeira do coração humano que a obscuridade de qualquer texto bíblico, os cristãos que creem efetivamente na veracidade do texto citado e dos demais que tratam desse tema são arrastados para debates em que apenas pelo fato de creem. É fato que as mulheres feministas dentro das igrejas não aceitam a autoridade do texto, pois encontram-se no estágio inicial de subversão onde o desafio aberto seria contraproducente aos seus propósitos.
          Quando passamos a estudar os pormenores da temática, por mais que tivéssemos tentado aceitar de certa forma a Ordenação Feminina como algo com respaldo Bíblico, não foi possível, porque não existe respaldo bíblico e porque não se descontrói a ideia bíblica de proibição da ordenação feminina. Passamos então as indagações para compreender melhor o porquê as igrejas admitem mulheres como líderes? Chegamos ao entendimento de que não existe proibição quanto a mulheres serem líderes, porém dentro do que lhes compete. Por mais de um século na igreja americana, as normas de espiritualidade foram os padrões estabelecidos por um feminismo vitoriano adocicado. No início do Século XIX, como duas multidões convergindo numa encruzilhada tranquila, duas revoluções se fundiram para produzir este efeito e nós ainda não recuperamos qualquer entendimento do que era a vida na igreja antes disso nos ter acontecido.
          Ocorre que antes de tudo isso a primeira grande manifestação do feminismo ocorreu por ocasião da luta por um feminismo sentimental e doméstico, tais fatos decorreram e tiveram o seu apogeu na Revolução Industrial, onde o papel da mulher estava no centro da economia à época as mulheres tinham ofícios de administrar o lar, produzir tecidos, processavam comida e alimentavam com seu trabalho toda a família. Não obstante, com o crescimento das industrias a mulher ganha novo cenário, saindo do papel de produtora para consumidora, ficando desestabilizadas, voltando a figura de mulher decorativa. As mulheres com uma condição econômica melhor tornavam-se em uma classe onde apenas preocupavam-se com o lazer e com a manutenção do status e algumas se detinham a escrever romances que centralizava a figura da mulher, retirando-a do polo sempre passivo da relação.
          Outro fator preponderando foi a revolta de alguns ministros em relação a rigidez das posições de Calvino, por ser conhecido como um sistema duro e por vezes austeras (cultura Yankee Nova Inglaterra) não temos como discordar que de fato era uma cultura bastante reducionista em relação as mulheres. Os movimentos em torno sistema calvinista ganhou adeptos tanto na ala direita como na ala esquerda, os da ala esquerda eram Unitarianos, e tomaram Havard em 1805. Já o anticalvinismo de direita eram relativistas que foram considerados como líderes como Charles  Funney, fortemente influenciado pelo movimento humanista democrático que imaginavam ser o Espírito Santo.
          Todo esse conflito ocorreu no tempo que as igrejas na Inglaterra estavam perdendo o patrocínio dos fundos vindos dos impostos, e ainda mais sério que isso foi os clérigos congregacionais que já estavam acostumados com seu papel e com o dinheiro se virem fora, tendo que inclusive competir com paroquianos na mesma forma que os batistas e os metodistas desbravadores das fronteiras do Mississipi. As mulheres que tinha tempo a disposição se prestaram prontamente como audiência para estes ministros, e os ministros anticalvinistas providenciaram um evangelho sentimental apropriado para as mulheres acostumadas a sua diversão literária feminizada. Assim, foi formada uma aliança entre o clero e as mulheres, e uma norma espiritual foi estabelecida dentro da igreja. Todos os desdobramentos que indicamos no início de nosso discurso acerca dessas coisas, em grande parte tiveram seu apogeu na Inglaterra, não sendo, portanto, significativa sua influência no Sul, mas conservador e agrário. Mas o novo regime feminino também chegou no Sul. A guerra entre os estados em termos de ordenação, dizimou a liderança masculina forte do Sul. Os homens já não eram mais a maior parte enquanto líder, pois já estavam mortos. Desde aquele tempo as igrejas do Sul têm por liderança basicamente três mulheres e um pastor. A literatura teológica do Século XIX não se calou no sentido de propagar a visão sentimental do evangelho em relação a ordenação feminina.
          Neste contexto ver-se um regime de ferro de domesticidade, onde gostos e padrões femininos são postos como padrão e como uma forma de influenciar de maneira informalmente genuína, doutra feita o homem não regenerado por este movimento era sábio aos olhos do mundo, é claro, e um tipo rico e imoral a menos que se converta a regime sentimental feminista dentro da igreja.
          O que nos atordoa em relação a tudo isso não é o fato de a mulher exercer função dentro da igreja, mas sim em relação ao desprezo empregado aos valores tradicionais, que estão sofrendo uma reedição, onde circula-se a conveniência para atender aos discursos do século XIX como se representasse uma visão bíblica do mundo. Mas Elsie Dinsmore não representa nada do gênero. Ela simplesmente adotava uma forma primitiva de feminismo, e os conservadores que aclamaram a piedade dela revelam que não sabem o que aconteceu a igreja. Outro exemplo é o ancestral de nosso abobado bracelete WWJD – aquele livro intitulado Em Seus Passos, em muitos aspectos esse livro era típico do gênero; a influência divina é mediada pela influência de uma mulher, onde prega-se que homens podem se converter ao ouvirem uma voz bonita.
          Como consequência desses fatores, foi aceito e pregoado um padrão feminino como uma norma posta dentro da igreja, e foi ai que nasceu a questão da criação da divindade feminina como mediadora entre os homens e Deus, o clero tentando viver a altura de sua reputação como o terceiro sexo, lutou para ser o que precisava ser para se manter este padrão normativo, dizia-se que os homens poderiam tentar o que quisesse nunca conseguiriam ser mulheres. Observa-se que a pressão passou a ser em dar lugar a homens femininos na liderança de maneira mais convincente. Hora quando os padrões são femininos imperativamente só passa a existir espaço para lideres mulheres.
          Não se pode olvidar que existe muitas mulheres qualificadas, e diante dessa afirmação indaga-se se seria pertinente excluir as mulheres ou não do quadro de lideranças da igreja. Dividem-se opiniões quando chegamos a esta indagação, se devesse admitir mulheres na direção da igreja ou não com base em seu preparo cognitivo e acadêmico, desprezando por via de consequência o que Paulo pronuncia entendendo-o por arbitrário.
          Uma análise sobre qualquer tipo de discussão deve ser amparada por pré-requisitos, sejam estes implícitos ou explícitos, no caso da ordenação feminina quando compreendemos o pano de fundo, muita coisa em relação a defesa fica de certa forma explicada principalmente dentro do contexto moderno de igreja. E temos por exemplo introdutório o Promise Keepers que é um movimento de renovação masculina, que desencadeia em um sentimentalismo choroso. Temos também por exemplo, a proibição de ministros pregarem sobre determinados assuntos no púlpito da igreja, outro exemplo é o por que os cristãos não conseguem falar claramente o porquê de as mulheres no combate serem uma abominação, explica-se porque as virtudes masculinas de coragem, iniciativa, responsabilidade e força estão em baixa. Observa-se que não será um debate sobre essa temática do papel da mulher na igreja que irá resolver qualquer coisa, talvez por isso até os dias de hoje os debates em torno disso quedam-se estéreis pela Ascenção dos feministas, que trabalham em um esquema de repetição de ideias até os conservadores se rendam e se retraiam as suas ideias.
          Não se podem atribuir as falhas dos conservadores a anomia de exegética destes, mas sim ao esquecimento de como se deve ser a piedade masculina e quando ela aparece no meio dos cristãos nos deparamos com situações em que o homem fica desconsertado. De fato, Deus deu a mulher um padrão feminino, porém para complementar e não para dominar, inquestionavelmente a liderança da igreja foi dada ao homem, e quando esta é desafiada tudo fica desconexo e nada a não ser o arrependimento pode colocar as coisas em seu devido lugar.
          Em termos de encerramento de notas introdutórias podemos nos recordar recentemente das tentativas evangélicas de amaciar a Bíblia para que e torne mais macia e delicada. Essa tentativa foi do pessoal da Nova Versão Internacional de alterar a linguagem das Escrituras – onde sorrateiramente modificariam os pontos que obviamente incomodar os cristãos modernos – tal mudança quedou-se frustrada porque houve uma reação por parte dos que acreditam que a Bíblia não é um livro de conveniências, mas sim a palavra de Deus que irrestritamente deve ser observada e compartilhada tal qual como ela é.
          Não obstante, nada mudou em relação as pressões culturais que contribuem de alguma forma para isso, a igreja moderna não encontra óbice a tal modificações por mera questão de conveniência.  
CAPÍTULO I
OFÍCIO DAS MULHERES

1.1  O que mudou?
          Durante o tempo em que nos propusemos estudar sobre a ordenação feminina, observei no entorno, mulheres que são muito talentosas e que desejavam ser pastoras, entretanto, de forma majoritária os alunos que frequentam os Seminários de Teologia são homens, talvez pela aparente resistência a ordenação de mulheres muitos têm se manifestado de forma inadequada. Sem querer cair no mesmo erro, passei então a ler e escrever sobre o tema, haja vista que sempre existe dois lados da moeda, duas formas de ver e compreender uma história e um fato no mínimo. Ocorre que essa sistemática de estudos nem sempre cabe para o campo da teologia por ser um âmbito de estudos muito dogmático, em que se acredita em verdade imutáveis tendo por base a Bíblia primordialmente. Mesmo diante desse fato, alguns cristãos sinceros aventuram-se em defender ideias que de forma muito límpida não encontra respaldo na Lei Maior que é a Bíblia a título de exemplo temos a questão atinente a ordenação feminina.
          Passamos então ler antes de defender a não ordenação, aquilo que eventualmente poderia servir de base para os que defendem a ordenação como algo adequado a realidade cultural, bíblica e teológica, muito embora me admirasse ver a habilidade de muitas mulheres ao pregarem a palavra de Deus não encontramos sequer um referencial bíblico, e esse é o primeiro e talvez o maior problema em defender a ordenação feminina, do mesmo modo, quanto mais nos aprofundamos neste estudo mais convictos ficamos da fragilidade das argumentações que defendem este movimento.
          Além de desamparada biblicamente falando, a ordenação feminina não encontra sequer força histórica que der sustentação a sua defesa, pois a posição histórica da igreja indica que o ofício de pastor ou de supervisor espiritual é eminentemente de homens, e não para mulheres. E por mais que tivéssemos o desejo de concordar com a ordenação feminina não seria possível pela observância restrita a Bíblia, elencamos três fatores que passaremos a analisar nos tópicos seguintes para melhor compreender o porquê não se pode admitir tal desiderato.

1.2  Prática histórica do povo de Deus
         
          A melhor forma de se compreender algo é remontarmos a análise histórica, por isso passamos a fazer um breve relato de fatos históricos em relação a cultura do povo de Deus, observe-se que no Israel do Velho Testamento os sacerdotes detinham a importantíssima missão de conduzir os rituais sacrificiais e de lecionar a lei de Moisés, cabe ressaltar que eram sem exceção todos homens.
          Dentro dessa teia, Jesus veio aterra e manteve a prática de ter apenas homens como oficiais líderes, a Bíblia relata que Jesus tinha muitos seguidores, homens e mulheres, entretanto, ao escolher os apóstolos para servirem como líderes ele escolheu só homens. Tudo isso fica mais límpido quando observamos o quanto Jesus se importava com as mulheres dos quais podemos citar Maria, sua mãe; a profetisa Ana, que falou sobre o recém-nascido Jesus; as mulheres que o seguiam e apoiava o seu ministério; e as mulheres que foram as primeiras a contemplar o Cristo ressurreto, Jesus tratava-as como filhas de Deus, como discípulas inteligentes, como auxiliadoras da Sua missão e Suas testemunhas. Entretanto, ele optou por doze homens quando escolheu os líderes oficiais da igreja.
          A liderança da igreja protagonizada por homens estendeu-se ao longo da era neotestamentária e além dela a medida em que a igreja antiga crescia, as mulheres foram membros de vital importância, entretanto os presbíteros e os diáconos sempre foram homens. Tal era a importância das mulheres, e elas abraçavam tanto a causa da igreja que quando a igreja sofreu perseguição elas estavam entre seus heróis e mártires, mas apenas os homens ocupavam as posições oficiais de ensino e de supervisão “em todas as igrejas dos santos”.(1 Co.14:33)[1].
          Algumas seitas que degeneraram do cristianismo para o gnosticismo ou para o culto a divindades ordenavam sacerdotisas, porém a igreja de Cristo jamais o fez.  Observe-se que a função oficial de condução da igreja no decorrer dos séculos era de exclusividade do homem, porque será que a prática permaneceu a mesma por tão longo tempo? A quem responsa que porque homens se achavam mais inteligentes e mais preparados que as mulheres, afirmativa que não deve prevalecer pois irradia um sentimento de preconceito que deve ser combatido por todos, comprova-se essa afirmativa em relação ao próprio comportamento da igreja no decorrer dos séculos em permitir que as mulheres pudessem conhecer as escrituras tão bem quanto os homens, algumas vezes até melhor que eles, e que poderiam ser tão santas quanto eles e em algumas vezes até mais.
          Então não se trata de ausência de santidade ou conhecimento o critério de escolha da direção da igreja, por mais conhecedora e erudita que fosse a mulher este não pode ter pretensões de ensinar homens na assembleia, nem a de batizar “segundo instituía uma ordenança do século V”.
          Sendo assim há que se concluir que o ofício de pastor ou de bispo não é apenas em razão da inteligência, capacidade acadêmica, integridade e habilidade porque se assim fosse já haveria de ter ordenado mulheres a muito tempo, a igreja não demorou mais de 2000 anos para reconhecer a inteligência e preparo das mulheres, tais qualidades sempre foram evidentes, porém em toda história da igreja a liderança oficial sempre esteve reservada aos homens.


1.3  Um comando explícito da parte de Deus

          Diante da inquestionável menção histórica em que a igreja sempre reconheceu a autoridade eclesiástica do comando da igreja aos homens, a que se perguntar ainda se essas práticas bíblicas e históricas seriam meramente acidentais, ou se existe um comando explícito da parte de Deus para a sua igreja em que seus servos obedeçam?
          Não há como crer que o sacerdócio israelita era em sua totalidade masculino, por uma ordem expressa de Deus. Não foi a Mirian, irmã de Moisés que o Senhor ordenou que se tornassem sacerdotisa, mas a Arão e aos filhos deste (Nm.3:10)[2].
          Agora que Jesus é o nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício perfeito, não se faz, mas necessário os sacrifícios aarônico, entretando o povo de Deus continua necessitando de líderes oficiais que ensine e exerça autoridade em nome de Jesus. O Novo Testamento utiliza a palavra pastor (poimen/poimen[3]) que era quem cuidava das ovelhas e do rebanho de Deus e também a palavra supervisor (ejpivskopo”/epískopos[4]) traduzida normalmente como presbítero ou bispo, que é o nome dado a quem supervisiona almas. Outrora e nos dias atuais os bispos assumem a responsabilidade do ensino da sã doutrina nas reuniões oficiais da igreja, são os que batizam, supervisiona a ceia do Senhor e por excluir da Ceia e da igreja os que se opõe a Cristo. Os líderes, por meio desses atos autoritativos oficiais, devem coordenar e mobilizar os dons espirituais do povo de Deus sob a sua guarda para edificar a igreja e fazer avançar a missão de Deus no mundo.
          O apóstolo Paulo em diversas situações faz qualificação aos que exercem autoridade na igreja e aos que ensinam dizendo que estes homens devem te caráter piedoso,  pregar a sã doutrina, ser apto para ensinar e liderar, fala ainda Paulo que os homens líderes da igreja devem ser maridos de uma só mulher e que devem administrar bem sua casa, e para que não haja dúvidas de que o apóstolo se referia apenas aos homens ele diz: “E não permito que mulher ensine, nem exerça autoridade sobre homem” (1 Tm. 2:12).
          Quando Paulo diz isso deve-se evitar interpretações análogas, pois ele não está neste texto proibindo que a mulher possa ensinar qualquer coisa ou exercer qualquer tipo de autoridade, mas se refere o apóstolo à docência da sã doutrina no culto público, sobre a autoridade pertinente a tal ofício. O apostolo em outra ocasião fala da pertinência de a mulher profetizar partilhar com os outros das percepções concedidas por Deus referindo-se a elas como parceiras na divulgação do evangelho, entretanto, limitando-as em relação ao exercício oficial autoritativa de uma congregação.
          Esta palavra dita por Paulo não trata-se de apenas uma recomendação ou sugestão no qual seria tolice não seguir, mas um mandamento ao qual seria errado não obedecer. “Não permito” significa” é proibido” e não “aconselhável”. É, portanto, preceito de um apóstolo de Cristo, escrito com autoridade do Senhor sob a inspiração do Espírito Santo.

1.4  Princípio subjacente

          Mesmo admitindo-se que existe um expresso preceito que impede as mulheres de exercer tais disposições relativas a ordenação, poder-se-ia indagar-se o porquê de isso ser assim, e, se tal disposição ainda seria aplicável em nossa sociedade em que pese as mudanças culturais do decorrer dos tempos. Questiona-se se existiria um princípio subjacente, ou seja, que serve de base para essa afirmativa, e primeira mão diria que existe este princípio, pois ao Paulo dizer “não permito que mulher ensine, nem exerça autoridade sobre homem” Paulo prossegue explicando: “Porque, primeiro, foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1Tm. 2:13-14).
          Paulo ao dizer essas palavras, não estaria dando um conselho para uma situação isolada, ou destinado a um tempo, antes apela a um princípio que ficou estabelecido na criação e violado na queda que é o princípio da liderança masculina.
          Observar essa afirmativa ganha mais solidez a luz da Escritura quando percebe-se que Deus criou Adão e dele e para ele, então formou a mulher como se pode verificar no seguinte versículo:

Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher do homem, porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher por causa do homem (1 Co.11:8-9).


          Quando o homem e a mulher encontraram-se a primeira vez o homem assumiu a liderança ao dar a ela um nome e defini-la em relação a ele mesmo (Gn.2:23). Em uma atenção a ordem cronológica de Deus em relação ao homem, não fica difícil perceber que primeiro foi criado Adão, depois Eva. A ordem de satanás na tentação foi primeiro Eva depois Adão. Mesmo assim, a ordem de Deus permaneceu a mesma, primeiro Adão foi chamado a responsabilidade depois de ter pecado quando este se escondeu “onde estás? ” (Gn. 3:90). Embora Eva tenha pecado primeiro, Deus dirigiu-se primeiro a Adão, ficando, portanto, a responsabilidade original ao homem.
          Essa liderança que foi violada com a queda do homem no pecado, e reafirmada por Deus em seguida é o princípio subjacente ao preceito e à prática de se ordenar homens como líderes da igreja. Deus quer uma liderança masculina piedosa no lar e na casa de Deus, a igreja. Na verdade, a capacidade de liderar a família é o sinal de que o homem pode ou não liderar a igreja de Deus. “ Se alguém não sabe governar sua casa, como cuidará da igreja de Deus? ” (1Tm. 3:5).
          A liderança masculina expressa veemente o propósito da criação de Deus; pois esta é refletida pela relação entre Cristo e Sua igreja (Ef. 5:23[5]); sendo inclusive comparada com a vida e seio da Divindade “ Cristo é o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus cabeça de Cristo” (1 Co. 11:3)[6]. Pois, assim como Deus o Pai e Cristo são unidos e iguais com o Pai liderando e Cristo submetido, assim também homens e mulheres são unidos e iguais com papeis complementares na família e na igreja.

1.5  A posição histórica da Igreja e sua preservação

          Diante desse breve apanhado de informações já nos vimos bastante convencidos de que existe uma boa razão para que a igreja ordene para o ofício de pastores apenas homens, contudo, a congregação não deve ter em mente que está apenas satisfazendo um mandamento bíblico ao não ordenar mulheres, para ser bíblico se faz necessário mais que isso, é preciso que se fale qual o verdadeiro ofício da mulher. Devendo encoraja-las diante das grandes coisas que o Senhor as chamou a realizar em sua obra.
          Devendo ainda a igreja combater toda e qualquer forma de desprezo ao trabalho da mulher na igreja, antes deve a igreja edificar as filhas de Deus, ensinando-as em como utilizar de forma adequada seus dons espirituais, cabe ressaltar que se a congregação defende a ordenação masculina mas sufoca os dons e negligencia a necessidade do trabalho feminino na igreja e na pregação do evangelho torna-se pior que as que ordena em todos os ofícios. É pior ter uma trave do que um cisco no olho.
          Mesmo que traves causem muito mais danos que ciscos, não vamos fingir que estes ajudem ou melhorem a visão, a ordenação feminina pode não ser o maior de todos os erros, mas de fato é um erro. Veteranos dos debates de longo prazo sobre a ordenação feminina queixam-se por vezes que: “vimos estudando isso a décadas, e não é provável que a mente de ninguém mais se modifique”.
          É alarmante o número de igrejas que sequer uma vez pregou sobre este assunto, seria como se os pastores não quisessem trazer pra dentro da igreja esta discussão, muito embora estes votem nas comissões e convenções sobre a temática, sendo assim as pessoas que se interessarem sobre o assunto, sobre como compreender o contexto histórico da igreja em relação a ordenação de mulheres deverão faze-lo por si só, além desse fato, ainda existe muita controvérsia sobre o assunto nos seminários, gerando com isso uma dificuldade de posicionamento dos pastores e líderes de igreja, alguns sequer dão atenção ao tema, outros escolhem o lado que gostam, mas isso acaba sendo perigoso, porque se ocorrer a busca do contexto histórico da igreja ver-se-á que a ordenação feminina além de não encontrar pauta bíblica ainda é vedada. Porém, em que pese a multiplicidade de opiniões sobre esse problema, e se for o caso de permitir que a congregação decida é necessário que se faça antes uma exegese da posição histórica da igreja que não pode ser prejudicada por interpretações descabidas, antes a conservação do que historicamente vem se adotado com base na Bíblia que uma inovação perigosa. Os argumentos ambíguos podem causar sérios problemas a igreja conforme diz George Knight III quando diz:

Por esta razão, parece errado alguns argumentarem que os presbíteros da igreja podem dar a uma mulher o direito de expor a palavra de Deus à igreja. A ideia é que isso é aceitável, desde que ela o faça debaixo da autoridade da liderança masculina. Mas Paulo descarta essa possibilidade, afirmando que, na situação de ensino público, onde homens estão presentes, a mulher deve permanecer em “silêncio”. Nenhuma decisão da liderança masculina pode justificar a desobediência ao que o apóstolo ordena. (The role relationship of men and women – O papel da relação entre homens e mulheres).

CAPÍTULO II

ENSINO AUTORITATIVO


2.1 Diferença entre Ensino Autoritativo e não Autoritativo

          O termo ensino autoritativo faz menção a propriedade da mulher em ensinar que podem ser compreendidos também como pregar, contudo, preliminarmente compreendemos o termo ensino autoritativo como algo indefensável, e tal afirmação começa quando se faz uma análise exegética do próprio conceito da palavra e nos pontos que trataremos a seguir.
          A grande diferença entre ensino autoritativo e não autoritativo é que o primeiro é quando se ensina tendo o ofício de presbítero, e o segundo quando se ensina sem ter o ofício de presbítero os seguidores da teologia defendida por Foh Hurley pregam com base nessa definição que todos podem ensinar desde que sejam qualificados para tal desiderato, sem a necessidade que tenha o docente o ofício de presbítero. Contudo, ao afirmar isso é preciso que se leve em consideração o argumento que dar sustentação a essa tese, haja vista, que a diferença é gritante entre esses e aqueles, tal argumentação é necessária até mesmo para defender a possibilidade de a mulher ensinar sob a supervisão de um presbítero, passaremos a indicar os principais argumentos defendido pelos seguidores dessa corrente.
          O livro de 1 Timóteo traz a exegese do que seria ensino autoritativo e não autoritativo onde Paulo restringe as mulheres quanto a duas atividades, a de ensinar e exercer autoridade sobre o homem, porém alguns defendem que a proibição é apenas uma segunda parte da doutrina Paulo não estaria falando em ensinar e exercer autoridade como sendo duas coisas distintas, mas fala sobre ensinar autoritativamente, sobre assumir o ofício de mestre, sobre o engajamento na função habitual de ensino que é de competência do presbítero.
          O problema da exegese da atividade única é sua inconsistência mesmo que com base no livro de 1Tm 2.12. Entretanto transparece a tese de duas atividades quando negam que o presbitério está aberto a mulheres, argumenta-se na defesa da atividade única relacionando a proibição de Paulo as mulheres ocuparem ofício de mestre/presbítero, essa mesma corrente quando vai argumentar contra a ordenação feminina pressupõe uma visão de dupla atividade quando se afirma que 1Tm 2:12 significa que o ensino e o ofício da igreja não são acessíveis as mulheres.
          Outro problema com o conceito de ensino autoritário é modo como tratam a sintaxe de 1Tm 2:12 (que traz o conceito) os que defendem essa tese sequer se esforçam para provar que a exegese está dentro do uso conhecido, sendo assim comprova-se que a visão da atividade única não tem comprovação sintática que a fundamente. No entanto a amplo suporte para a visão das duas atividades. 
           

2.2 Significado do Termo “Não ter autoridade sobre Homens

        A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom senso. (Tm 2:11-15).

          Quando se fala em dons espirituais, observa-se que a Bíblia é bastante clara, quando esta confere tanto a homens quanto a mulheres[7] devendo ambos utilizarem esses dons para edificar o corpo de Cristo[8], sendo, portanto de suma importância o ministério de cada um para o crescimento do Reino. Em relação ao Ministério feminino especificamente, já que este é objeto de nossos estudos, existem diversos exemplos de mulheres que exerciam ministérios no Novo Testamento.
          E como uma forma de fidelizar a tradição bíblica, as igrejas devem incentivar e promover, encorajar e cultivar esses ministérios femininos, contudo existe dentro do campo da Teologia indagações quanto a existência de limites no exercício do ministério por parte das mulheres, majoritariamente tem se crido que e defendido o que diz o livro de 1Timóteo 2.8-15 que assim diz:

Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda. Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.
A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação.


            A liquidez dessa mensagem não deixa dúvidas quanto as restrições impostas ao ministério da mulher, e além disso, indica ao exercício da autoridade sobre o homem, e isso se justifica pela sequência da criação humana e pela forma como ocorreu a queda deles no pecado.
          Não obstante, muitos defendem que tal texto caiu em desuso, não aplicando aos dias de hoje, principalmente em decorrência da realidade social hodierna em que se misturam os papeis de homem e mulher, essa forma de pensar não anula a sinceridade dos que creem nas Escrituras, porém encontram resistência ao aceitar o que preceitua o os versículos supracitados, como sendo uma espécie de condicionamento cultural que precisa ser superado. Dada a máxima vênia, não nos alinhamos a essa corrente doutrinária, por acreditar que a Bíblia ao relatar esses preceitos o faz com a autoridade permanente e necessária para doutrinar e dirigir a igreja de Cristo.
          O livro de 1Tm 2.8-15 impõe duas restrições ao ministério da mulher 1° não devem ensinar doutrina cristã aos homens 2° não podem exercer autoridade diretamente sobre os homens na igreja, nas linhas que se seguem procuraremos demonstrar que qualquer outro argumento que prove o contrário não se sustenta.  
          O termo “não exercer autoridade” significa não ter autoridade sobre ou não dominar sobre, este não no sentido de subjugar, Paulo quando diz essa frase ele literalmente está proibindo a mulher de praticar essa autoridade sobre homem e por via de consequência a possibilidade de uma mulher exercer a função de pastora, isto é, dentro do que preconiza as epístolas pastorais. Por via de consequência, as mulheres seriam impedidas de exercer posições na igreja que sejam equivalentes a de presbítero, ainda que o marido da mesma der a aquela permissão para o exercício do cargo, pois o sentido da palavra vai muito além do aspecto da independência da mulher em relação ao homem, mas que esta exerça autoridade sobre qualquer homem na igreja conforme recomenda o apóstolo Paulo.
          Contudo, muito embora exista essa proibição, não existe expressamente uma  proibição que trate da impossibilidade de a mulher por exemplo, votar em uma assembleia, nem cargos administrativos dentro da igreja, pois conforme diz o próprio texto, a proibição é expressa e indica apenas duas quais sejam a de “ensinar” e “exercer autoridade sobre” entretanto, alguns estudiosos dessa temática preferem tomar as duas  proibições na verdade são apenas uma pois as mesmas se resumiriam a proibição em “ensinar com autoridade”  contudo é de fácil verificação que o Apóstolo Paulo não disse dessa forma, ele indica duas proibições distintas, muito embora, ensinar seja um ato de autoridade, a que se observar que nem todo ato de autoridade está ligada ao ensino, Paulo trata essas duas realidades de forma distinta conforme se verifica no livro de 1 Timóteo quando este discute o oficio dos pastores (3.2,4-5;5.17).
          Ensinar de fato é exercício de autoridade, e estes se correlacionam, porém como já se demonstrou, biblicamente os dois ganham configurações distintas, em 1 Timóteo 2.12, Paulo proíbe as mulheres de conduzirem qualquer dessas atividades em relação aos homens. Há quem advogue que Paulo não estaria proibindo o ensino e a autoridade da parte de qualquer mulher sobre qualquer homem, mas, sim esposas sobre maridos, porem o contexto bíblico não apoia essa tese, pois Paulo não diz “ Eu não permito a uma esposa ensinar ou exercer autoridade sobre o marido” os versículos 8-9 indubitavelmente se refere a homens e mulheres como membros da igreja, não como marido e esposa. Não são apenas os maridos que devem levantar mãos santas em oração, mas todos os homens; e não apenas as esposas que devem se vestir com modéstia, mas todas as mulheres (versículo 9-10). 
          Não obstante, as proibições do versículo 12 são aplicáveis a todas as mulheres irrestritamente em relação aos todos os homens da igreja, sejam seus esposos ou não.

2.2. Falsos mestres e a mudança do cenário

          O Apóstolo Paulo em sua primeira carta endereça ao seu cooperador Timóteo diz como se deve proceder na casa de Deus, que no caso é a Igreja do Deus Vivo[9]. Acredita-se que o que motivou o Apóstolo Paulo a ter enviado essa Carta a Igreja em Éfeso tenha sido principalmente por esta encontrar-se cercada de falsas doutrinas[10] fato que levou muitos a se afastarem da sã doutrina e não apenas isso, mas também a propagarem esses falsos ensinamentos. Diversas interpretações surgiram do texto de 1Timóteo 2.11-15, essas interpretações se baseiam fortemente na natureza daquela falsa doutrina, ao explicarem o que Paulo quer dizer nestes versículos.
          A priori não há problema algum com esse fato, pois, uma boa doutrina sempre considera o texto e contexto da mensagem tendo por parâmetro sempre uma boa exegese, entretanto, o Apóstolo nos fala pouco acerca dessa falsa doutrina, fator que nos faz pensar que pode ocorrer de não existir muita certeza em relação a esta ou aquela interpretação, daí a importância de quando se deparar com um texto dessa natureza o fazer com todo cuidado que é de direito, com a exegese mais simples e sem inovações alegóricas, no presente estudo, buscamos de forma cuidadosa analisar os aspectos da falsa doutrina, que muito embora exista uma obscuridade em relação ao que efetivamente ela representa, buscamos no presente estudo identificar o que pode ser relevante  a luz do estudo do livro de 1 Tm 2.11-15. Buscamos em um primeiro momento, e para melhor compreender o texto, criar tópicos, quais sejam: 1. Em relação aos falsos mestres, temos que estes semeavam dissenção e preocupavam-se mais com trivialidades que com a essência do texto[11]. 2. Esses falsos mestres, cultivavam a incredulidade através do ceticismo, como uma forma de se adquirir uma certa espiritualidade, onde eles ensinavam como forma de alcançar tal espiritualidade a abstinência de certos tipos de alimentos, casamento e certamente de relações sexuais[12]. 3. Os falsos mestres tinham por seguidoras muitas mulheres, que dava ouvidos aos seus ensinos e os propagava[13]. 4. No livro de 1 Tm 5.14 Paulo deu conselhos as jovens viúvas para que se casassem, criassem seus filhos, e cuidem de seu lar como boas donas de casa, ou seja, que se ocupassem com os papeis femininos, a razão de ser do Apóstolo de dado esse conselho foi justamente porque muitas mulheres haviam se afastado desses ensinamentos, e seguido a satanás em seus ensinamentos enganosos[14] fato bem próximo do que ocorre hoje, a cada dia que passa as mulheres estão se apartando mais dos seus verdadeiros papeis no seio da família, ainda mais na onda do feminismo aberto que o presente século enfrenta, o discurso é sempre o mesmo a igualdade material e formal, que na verdade nunca existiu e nem irá existir.


2.3. O adequado comportamento

          Para se compreender o que diz 1Tm 2.11-15 é necessário ler antes o que diz o versículo 8, onde Paulo diz “os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade”. A exortação quanto ao cuidado com a ira e a animosidade é certamente em decorrência das falsas doutrinas, que deram luz a divisões e discórdias dentro da igreja[15].
          Já nos versículos 9-10 o Apóstolo apregoa que as mulheres cristãs devem portar-se com discrição, o que ele chama de modéstia e bom senso, diz ainda que esse comportamento deve ser atrelado a um conjunto de boas obras, quando Paulo diz isso, ele quis dizer que a preocupação principal da mulher cristã deve ser com o que edifica e não com coisas secundarias, que muito embora podem ser consideradas importantes, não podem, estas, assumirem lugar distinto do que efetivamente devem estar.
          Tal ensinamento também é no sentido de se combater a falsa doutrina em Éfeso. Pois a forma como as mulheres se vestiam indicava muitas vezes a condição moral e cívica dela na sociedade, como por exemplo as mulheres viúvas, sem marido e ou mulheres da vida. O que o livro de 1 Coríntios 11.2-16 é da mesma natureza geral, pois em corinto ocorria isso, as mulheres passaram a se vestir de forma identificável de sua condição social, que demonstrava a independência do marido.
          Paulo lembra e a Timóteo que as mulheres deveriam se adornar de boas obras, e logo adiante diz o que não se enquadrava nessas boas obras no versículo 11, onde ele diz “ a mulher aprenda em silêncio, com toda submissão”. Paulo deseja que as mulheres cristãs aprendam, e isso é uma questão importante, pois tal prática não era, em geral, incentivada pelos judeus. Mas isso não significa que o fato de Paulo desejar que as mulheres aprendam seja o ponto principal desse texto, a preocupação de Paulo não é que elas devem a prender, mas sim a maneira como devem aprender: “ em silêncio” e “com toda submissão”.
          O apostolo Paulo preocupa-se em que a as mulheres aceitem o ensino pacificamente, evidentemente, algumas contendiam, e não aceitavam com passividade, obviamente por influência dos falsos mestres.
          Muito embora acredite-se que essa seja a mensagem principal dentro do que Paulo quis transmitir, ainda existe a questão da interpretação do versículo 11, que trata da submissão da mulher também a seu marido e a liderança masculina da igreja. E esse é o adequado comportamento da mulher, a submissão, e dos cristãos, em relação aos que estão exercendo autoridade sobre sob aqueles, no entanto observe-se que este versículo 12-14 é dirigido apenas a mulheres e focalizam o relacionamento do homem e da mulher. Isso nos inclina a pensar que a submissão em vista aqui é a submissão de mulheres a liderança masculina. Presumimos que as mulheres em Éfeso, estavam expressão sua “liberação” de seus maridos ou de líderes na igreja, criticando e falando contra a liderança masculina. Paulo incentiva Timóteo a combater esta tendência, enfatizando o princípio da submissão das mulheres à liderança masculina apropriada.
          A professora Ainda Besancon Spencer defende que o fato de a mulher receber a recomendação de aprender implica por via de regra no dever de ensinar, haja vista que tudo que aprendesse deve ser repassado. Ocorre que os incentivo para que as mulheres aprendam, em 1Tm 2.11, não dar razão para acreditar que trata-se de um permissivo para que a mulher ensine na doutrina Bíblica aos homens.
          Além desses fatores, aprender, não significa necessariamente que leve o aprendiz a uma atividade de docente, que é algo que vai além do aprender uma doutrina ou teoria. Sabe-se que todos os homens judeus eram educados e incentivados a estudar a Lei e a doutrina, entretanto, nem todos se tornavam rabinos, nessa mesma lógica, todos os cristãos são incentivados estudar a Bíblia; contudo, Paulo expressamente, limita tal ofício aos que efetivamente detêm o dom de ensinar.[16]

2.4 Com Toda Submissão

          Quando lemos na Bíblia a frase “com toda submissão” esta faz conexão com o que diz o versículo 11, e as proibições do versículo 12. Pode-se compreender tal disposição da seguinte forma “ deixe que as mulheres aprendam em silêncio e em completa submissão; todavia, o termo completa submissão também significa que eu não permito que mulher ensine ou exerça autoridade sobre homem”. O cerne dessa questão é o versículo 12, pois nele Paulo proíbe as mulheres de Éfeso de exercerem ministérios que são de homens.  
          Essa proibição é referente ao ensino da Bíblia, pois ensinar conforme o Novo Testamento significa transmitir a verdade de forma cuidadosa informações acerca de Jesus bem como a proclamação de sua autoridade. Geralmente, essa atividade é restrita apenas aos que detêm o dom de ensinar conforme já demonstramos no livro de 1Co 12.28-30; Ef4.4-11 tal disposição indica que nem todos os cristãos tem esse ofício. Não é difícil ver nas epístolas pastorais essas restrições, haja vista a preocupação de Paulo com a transmissão da palavra de forma mais fiel possível ao texto sagrado, afim de que se garanta a vitalidade espiritual da igreja de Cristo.
          Timóteo tinha como principal missão ensinar[17] bem como preparar obreiros para o trabalho da pregação do evangelho, e cumprimento do ministério vital de instrução doutrinária com autoridade conforme indica 2 Tm2.2 “A Timóteo, meu amado filho: Graça, misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso”. Embora não fosse uma atividade restrita dos pastores, o ensino era, contudo, uma atividade importante dessas pessoas. Neste ponto, a questão da aplicação não pode ser evitada. De acordo com este significado, quais funções seriam consideradas ensino, na igreja moderna? Parte da doutrina diverge dizendo que não existe um paralelo entre o antigo e o moderno, pois, como se argumenta, o cânon do Novo Testamento é a autoridade de ensino que substitui o mestre no primeiro século.
          Contudo deve-se observar que os antigos mestres da Lei até mesmo antes de escrito o Novo Testamento, possuíam tradições cristãs nas quais baseavam seus ministérios. As passagens como 2Tm 2.2 indica que o ensino deveria continuar tento a mesma importância de outrora dada a sua historicidade e tradição. Além disso as escrituras deveriam ser vistas como substitutas dos apóstolos que as escreveram não dos mestres que as expuseram, devendo conservar a interpretação originária. Certamente, toda e qualquer autoridade do mestre é derivada de um conhecimento adquirido pelo ensino dos apóstolos, a autoridade ventilada aqui é inerente a verdade a ser proclamada e não a pessoa do ensinador.
          Mesmo diante dessa afirmativa, há que se perquirir que a função de ensino é um ato de autoridade, isso porque o mestre vem ao povo de Deus com autoridade de Deus e da sua Palavra. Diante dessas considerações, reafirmamos que o ensino proibido por Paulo se refere a pregação[18] este inclui também o ensino da Bíblia e da doutrina da igreja em faculdades e em seminários. Atividades como, dirigir estudos bíblicos, por exemplo, podem ser incluídas, dependendo de como são realizadas. Ainda outras tais como testemunho evangelístico, aconselhamento, ensino secular, não são, em nossa opinião, ensinar no sentido proposto por Paulo.
          Paulo não proíbe as mulheres de exercer qualquer tipo de ensino, a palavra homem é claramente objeto da expressão “exercer autoridade” , também ela poderia ser analisada como objeto do verbo ensinar. No livro de Tito 2.3-4, Paulo permite que as mulheres ensinem as outras mulheres, porem aqui nesse contexto, ele se preocupa com a diferença existente entre homens e mulheres e com a submissão, portanto, ele proíbe que as mulheres ensinem aos homens.



CAPÍTULO III

A BASE

3.1 Criação e Queda

          No versículo 12, do capítulo 2 de 1Timóteo, Paulo Proíbe as mulheres, na igreja situada em Éfeso de ensinar a homens e de exercer autoridade sobre eles. Porém ao chegar a essa afirmativa e defende-la para além do que o respeitável apóstolo diz deve-se enfrentar o que se chama de princípio originário do termo proibitivo e confrontar a questão das indagações ventiladas em relação a aplicabilidade ou não desse preceito nos dias de hoje. Presumir que sim é facilmente contestável, porque não se pode defender nada sem que se possibilite uma análise acurada da tese de defesa de determinada temática. Ao analisar o Novo Testamento, verifica-se que existe diversas injunções que faz entender que estas aplicam-se a situações específicas, fator que pode ocasionar a inaplicabilidade do preceito frente a nova realidade fática.
          Por exemplo, muitos cristãos creem que não existe mais a obrigação de saudar um ao outro com óculos santos (1Cor 16.20)[19]. As formas de cumprimentar mudaram, e em nossos dias, para que se pratique este costume pode-se apertar a mão como sinal de amor de cristão.
          Doutra feita, não se trata no objeto de estudo deste trabalho, uma mera questão de identificar o contexto cultural à qual o texto é dirigido, e concluir a limitação do mesmo, quase todo o Novo Testamento foi escrito dentro de situações específicas, tais como corrigir falsos ensinamentos, responder perguntas especificas, buscar a unidade das facções da igreja etc., porém isso não significa que necessariamente que tais escritos se aplicam somente aquelas circunstâncias. Como por exemplo, Paulo desenvolve sua doutrina da justificação pela fé, em Gálatas, em oposição a específicos falsos mestres do primeiro século. De forma alguma a natureza específica do texto limita seu ensino, apenas em alguns casos obsta sua aplicação por meras situações descontextualizadas.
          Analisar esses pontos é de suma importância porque ao estudarmos mais cuidadosamente sobre o livro de 1Timóteo 2.12 sugere que se alguém puder identificar a circunstância no qual foi escrito um texto, pode-se concluir que sua aplicação é limitada ao contexto. Tal afirmativa, de pronto não deve prosperar, pois, a primeira pergunta a ser feita pelo estudioso é se pode-se identificar no referido texto circunstâncias que possa identificar a não aplicação da problemática da proibição ventilada em relação as mulheres, há quem defenda que sim, se valendo de numerosas sugestões indicando inclusive fatores circunstanciais e locais, neste ínterim falaremos com o escopo de limitar o assunto de duas teses defendidas por quem defende que tal texto não aplica mais aos dias de hoje quais sejam.
          Primeiro defende-se que Paulo estaria se referindo apenas as mulheres que foram contaminadas pelos falsos ensinamentos, conforme demonstra os relatos da realidade de Éfeso, os que defendem essa ideia, defendem que o objetivo primordial de Paulo não era proibir que todas as mulheres em todas as épocas fossem impedidas de ensinar e exercer autoridade sobre homens, mas só e tal somente as que foram influenciadas pelos falsos ensinamentos, sua preocupação era a não propagação dessas ideias. Esses pregadores dizem que obedecem a injunção de Paulo ao impedir que mulheres despreparadas ensinem e exerçam autoridade na igreja, contudo, essa corrente crer que é apenas uma questão de preparo, ou seja, se a mulher tiver preparo acadêmico e espiritual poderá exercer tais e tais funções na igreja.
          Preliminarmente pergunta-se qual a razão de abraçar tal interpretação específica? Os principais defensores dessa tese que se tornou bastante popular indicam como ponto de partida o capítulo 2 e versículo 14 de 1Timóeo[20] argumentando que Paulo cita Eva como exemplo típico do que as mulheres de Éfeso estavam fazendo: ensinando falsa doutrina e fazendo-o sem o preparo adequado. Eva ensinou o homem a comer da árvore, e as mulheres em Éfeso não deveriam incorrer no mesmo erro propagando falsa doutrina e trazer problemas sérios para a igreja.
          Tais argumentos não se sustentam por diversos motivos, porque o versículo 14 já indicado, indica o relacionamento de homem e mulher “Adão e Eva” e não da mulher em relação a igreja, Paulo também focaliza em seu discurso, o engano, fato que sugere que Eva permanece como um tipo para as mulheres efésias que estavam sendo enganadas pelas falsas doutrinas, mas não como um tipo de mulheres que estavam ensinando falsa doutrina. Daí o motivo pelo qual o apóstolo lhes diz para aprender em silêncio e com toda submissão, além disso não existe evidências nas epístolas pastorais de que as mulheres estivessem ensinando essas falsas doutrinas.
          Se efetivamente o maior problema está no engano, pode ser que Paulo desejava sugerir que todas as mulheres fossem feito Eva e, portanto, mais fácil de serem iludidas do que os homens, e por isso não deveriam estar ensinando aos homens! Muito embora tal interpretação não seja impossível, cremos que seja improvável, pois ela não combina com o contexto, Paulo está preocupado em proibir as mulheres de ensinar aos homens na igreja; focando no desemprenho dos papeis. Eva foi engana pela serpente, quando tomou a iniciativa independente do homem que Deus havia dado para estar com ela e cuidar dela. Da mesma forma, se as mulheres da igreja em Éfeso proclamassem sua independência dos homens da igreja, recusando-se em aprender em silêncio, com toda a submissão, buscando papeis que foram dados aos homens na igreja, elas caíram no mesmo erro que Eva cometeu e trariam desastres semelhante sobre si mesmas e sobre a igreja.
          Se deve ter bastante cuidado com a interpretação dos versículos 12 e 14 para que não se perca de vista o que diz o versículo 13 que prever a primeira razão para a proibição do versículo 12 onde Paulo diz que primeiro quem foi criado foi o homem e depois a mulher na linguagem original do texto Sagrado fatos temporal é intensamente marcante. Qual o motivo dessa afirmação? Simplesmente que a prioridade do homem na criação indica sua condição de liderança em detrimento da mulher, esta criada posteriormente ao homem com a função de auxiliar, fator que demonstra em qual posição o Senhor deseja ver a mulher em relação ao homem, em submissão, e essa é violada quando a mulher exerce autoridade sobre este ou ensina doutrina.
          Paulo inteligentemente explica e fundamenta as proibições nas circunstâncias da criação, e não nas circunstâncias da queda do pecado. Paulo explica que não considera estas restrições como fruto de uma maldição “que noutra oportunidade ele demonstra que foram desfeitas com a redenção” Paulo não faz referência a situação local, mas sim a criação como base para as proibições, muito embora, os problemas culturais e locais tenham colaborado para influenciar o contexto da proibição, estes não seriam basicamente a base da sua argumentação mas sim o que preleciona no versículo 12 quanto ao desempenho dos papeis do homem e da mulher e com base desses argumentos pode-se defender que enquanto esses motivos forem verdadeiros essas proibições são plenamente aplicáveis aos dias atuais.
          O segundo ponto de vista nos qual nos propusemos indicar neste trabalho em relação a defesa dos que creem e defendem a não aplicabilidade do proibitivo de Timóteo e Paulo em relação ao ensino e ao exercício da autoridade pela mulher, temos os que defendem que o versículo 12 está confinado a uma situação local e portanto limitada, indicam os defensores dessa tese que Paulo ordenou que as mulheres não ensinassem nem exercessem autoridade sobre homens, porque tais atividades seriam consideradas ofensivas a grande maioria das pessoas em Éfeso.
          Fundamento que não se coaduna com o que efetivamente Paulo menciona nas epístolas pastorais, o apóstolo diz que os cristãos deveriam evitar comportamentos que traiam má fama ao evangelho[21] e como já dissemos neste estudo, os falsos mestres estavam disseminando ideias antitradicionais acerca do papel das mulheres. Uma pergunta não pode deixar de ser feita diante desse fato, ao reagir contra tal ensino, Paulo restringe as atividades das mulheres apenas porque tais atividades seriam ofensivas a essa cultura? Cremos que não, pois não há referência no contexto de 1Tm 2.11-12, a uma preocupação com a acomodação cultural, ao contrário Paulo apela para a ordem da criação, uma manifestação transcultural como base inequívoca para o comportamento.
          Cremos que Paulo estava corrigindo perspectivas erradas sobre o local correto da mulher e de forma acentuada em relação ao ensino dos falsos mestres, no versículo 12 Paulo reafirma sua posição costumeira de que em qualquer igreja as mulheres não deveriam ensinar nem exercer autoridade dobre homem, observa-se que ele precisou bastante claro com relação a esses ensinamentos, porque a questão tornou-se um problema na igreja em Éfeso.

3.2 O importante papel da mulher

          Não se pode deixar de falar neste modesto trabalho sobre o versículo 14 do capítulo 2 de 1 Timóteo que diz assim: “Todavia, será preservada através da sua missão de mãe, se elas permanecerem em fé e amor e santificação, com bom senso”. Ainda que a compreensão desse versículo carregue um certo grau de dificuldade, ele conclui o parágrafo e compreende-lo faz-nos ter uma melhor compreensão sobre os demais.
                    Uma interpretação do versículo 15 do mesmo capítulo, ensina que Paulo promete que as mulheres serão resguardadas fisicamente durante o parto. Não obstante, este é um sentido incomum para a palavra salvar, que e outros momentos se refere a salvação, outra coisa, essa interpretação não se encaixa bem com as qualificações que se seguem: “ se permanecerem em fé e amor e santificação, com bom senso”. A quem encontre no versículo 15 uma referência ao nascimento de Cristo, entretanto compreendemos melhor ver o versículo 15 com a designação das circunstâncias em que as mulheres cristãs experimentarão sua salvação. Ou seja, elas serão salvas ao manterem como prioridade aquilo que Paulo enfatiza como ser fiel, esposas úteis, criando os filhos para que amem e temam a Deus e cuidando do lar[22] isto não quer dizer que as mulheres não podem ser salvas a menos que tenham filhos. As mulheres a que Paulo se dirige são casadas, por isso ele menciona o papel central de ter filhos e cria-los como uma forma de descrever o papel feminino.
          Provavelmente Paulo defende isso porque os falsos mestres lecionavam que as mulheres só poderiam experimentar o que Deus tinha preparado pra elas se saíssem de suas obrigações de mulher e ganhassem a independência do marido, assumindo assim papeis de ensino e liderança nas igrejas, se essa interpretação está em consonância com a Bíblia então o versículo 15 se encaixa perfeitamente com a ênfase que temos visto neste contexto contra a tentativa dos falsos mestres de fazer as mulheres em Éfeso adotarem atitudes e comportamentos antibíblico, Paulo reafirma o modelo bíblico da mulher cristã, adornada de boas obras (em vez de ornamentos externos e sedutores), aprendendo com submissão, evitando assumir posições de autoridade sobre homens, dando atenção aos papeis para os quais o Senhor as chamou.
         

         

         





CONCLUSÃO

          Neste trabalho buscamos analisar diversos pontos contestáveis quanto a ordenação feminina, bem como analisar fatos em que poderia se abrir interpretações ambíguas quanto a aplicabilidade do texto de Paulo e Timóteo a realidade atual, porem o ponto crucial de se tentar limitar a aplicação do texto que proíbe a mulher ensinar e exercer cargo de autoridade sobre homem estar no capítulo 2.12 de 1Timóteo. Onde prima facie pode-se perguntar se qualquer ordem pode ser aplicada para além do fato específico levando-se em consideração o aspecto cultural da época em que foi expedida determinada ordem ou recomendação. Para se chegar a uma resposta falaciosa é necessário que se verifique com cuidado, não sugerindo meros fatores locais ou culturais que possam restringir a aplicação de um texto, essa metodologia pode ser aplicada a qualquer ramo da ciência humana, porém em termos de Bíblia não se pode aplica-la sob pena de ser descartável toda a Escritura. No caso de 1Tm 2.12 diversos fatores locais têm sido levantados, tais como indicar como fator impeditivo da mulher ensinar o mero despreparo doutrinário e ou não se permitir apenas porque a cultura de determinado povo ou comunidade não admitir, alguns doutrinadores defendem essa tese dentro de um juízo de conveniência e oportunidade e não há como pensar diferente quando buscamos na Bíblia fundamentação sobre a insatisfação de judeus quanto a possibilidade de a mulher ensinar ou não, seria de certo duvidável qualquer forma de interpretação que não tivesse por base as Escrituras, sem o aval do texto efetivamente fica difícil defender em termos de Teologia tais ideias.
          A Bíblia contém um sem número de ordens que não se aplicam nos dias atuais como por exemplo o que está descrito em 1 Coríntios 16.20. Conduto, a diferença principal entre tal texto o que diz em 1Timóteo 2.12 é que as atividades desenvolvidas neste livro são transculturais, ou seja, são princípios permanentes da igreja cristã e as proibições elencadas em 1Timóteo 2.12 estão baseadas na teologia. Quando associamos que o ensino do Novo Testamento é consistente, não podemos deixar de concluir que as restrições impostas por Paulo são válidas para os cristãos em todos os tempos e lugares. 














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[1] 33 Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.
[2] 10 Mas a Arão e a seus filhos ordenarás que guardem o seu sacerdócio, e o estranho que se chegar morrerá.
[3] Significado da palavra pastor no original Grego,
[4] Significa supervisor ou superintendente do Original Grego, Dicionário da Bíblia de Almeida, pag.35.
[5] 23 Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.
[6] 3 Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.
[7] 1Coríntios 12.7-11 “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”.

[8] 1 Pedro 4.10 “0 Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”.
[9] 1Tm 3.15 “ Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade”.
[10] 1Tm 1.3 “Como te roguei, quando parti para a macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina”.

[11] 1 Tm 1.4-6;2Tm 2.14,16-17,23-24;Tt 1.10;3.0-11
[12] 1Tm 4.1-3
[13] 1Tm 5.15;2Tm 3.6-7
[14] 1TM4.1
[15] 1Tm6.4-5
[16] 1Co 12.28-30 “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres? Todos têm dons de curar? falam todos em línguas? interpretam todos?”
[17] 1Tm 4.11-16 “Manda estas coisas e ensina-as. Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.
Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem. ”
[18] 2Tm 4.2 Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.”

[19] Todos os irmãos vos saúdam. Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.
1 Coríntios 16:20
[20] E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.
1 Timóteo 2:14
[21] Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. (1Tm 6.1)
 A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada. (Tito 2.5)
[22] Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa, e não dêem ocasião ao adversário de maldizer; (1Tm 5.14)
As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem; Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada.
(Tito 2:3-5)